terça-feira, 28 de junho de 2011

POR QUE FAZER PSICOTERAPIA?

Eis uma das maiores incógnitas ao se tratar de atendimento psicológico: É possível mudar com a ajuda da psicoterapia? Até porque, muitas vezes ouvimos dizer que “as pessoas não mudam”. Sendo assim, será útil recorrer à terapia? O que poderá fazer a diferença?
Cada um de nós está em constante mudança, mas quanto mais vezes repetimos determinados padrões de comportamento, mais enraizados estes ficam, nos deixando resistentes à mudança. Assim, os maus hábitos podem se confundir com a nossa própria maneira de ser (essência), nos levando a acreditar que a mudança é impossível.
A maior parte das pessoas pode mudar, mas isso é mais difícil se existirem perturbações emocionais. Se uma pessoa estiver deprimida, é preciso tratar primeiro da depressão para que as mudanças desejadas possam ter lugar. As pessoas mais ansiosas são obviamente mais resistentes à mudança, mesmo que se sintam desconfortáveis com a sua vida. Nestes casos, o medo do desconhecido é ainda pior do que o sofrimento atual. Afinal, mudar dói, mas não mudar dói mais ainda! Por outro lado, quando uma pessoa  é auto-disciplinada e tem uma boa rede de suporte, a mudança é muito mais fácil.
Para que a psicoterapia seja eficaz é preciso:
ENFRENTAR O PROBLEMA. Os problemas são, ao mesmo tempo, fontes de estresse e oportunidades de crescimento. Enfrentar um problema implica usarmos a nossa força e as nossas competências, mas às vezes, é mais fácil culpar os outros, procrastinar ou até negar a existência das dificuldades. Utilizamos de mecanismos de defesa, para evitar o desconforto associado à mudança. É por isso que, não raras vezes, um problema permanece pendente ao longo de vários anos. Enfrentar o problema implica reconhecer a realidade como ela é; implica na confrontação dos fatos e a busca de uma solução, em vez de varrer a poeira para debaixo do tapete. A aceitação (do problema) deve substituir a resignação para que o comece a procurar respostas para as dificuldades, para que as alternativas que até aqui não tinham sido consideradas, possam pelo menos, ser pensadas.
AUTO-RESPONSABILIDADE. Independentemente de se tratar de um pedido de ajuda referente a problema individual, profissional, conjugal ou familiar, o desespero e a desesperança são frequentes no início de um processo psicoterapeutico. A mudança começa quando as pessoas conseguem ser honestas consigo mesmas e aceitam que, de algum modo, são responsáveis pela situação em que se encontram. Quando culpamos os outros pelas nossas dificuldades, é muito mais difícil reconhecer o nosso poder, a nossa capacidade para lutar pela felicidade. Temos de escolher se queremos ser parte da solução ou parte do problema.
ATUAR. Para que as mudanças sejam alcançadas, não basta refletir, é preciso tomar decisões. Claro que isso só pode acontecer quando a pessoa se sente preparada, não adianta forçar. Um divórcio, uma mudança profissional ou uma “simples” mudança de casa podem ser assustadores. Muitas vezes é preciso enfrentar o medo do desconhecido e isso requer coragem. Às vezes, a mudança ocorre precisamente porque o sofrimento associado ao problema é de tal modo avassalador que suplanta o medo do desconhecido.
AUTODISCIPLINA. Há quem diga que o sucesso é 1% de inspiração e 99% de transpiração e o mesmo é aplicável à mudança. É preciso esforço e concentração contínuos para que possamos alcançar resultados significativos. Muitas pessoas perdem a coragem quando não vêem resultados imediatos. De um modo geral, trata-se de pessoas que não sabem adiar a satisfação. Qualquer mudança é acompanhada de ansiedade e desconforto, pelo que é preciso manter a força de vontade para atingir os resultados pretendidos. Em psicoterapia, o processo de mudança não é linear – há avanços e recuos, estagnações e saltos - a persistência é necessária e compensa.
COMPROMISSO. Para que uma mudança seja duradoura, é preciso que a pessoa se comprometa consigo mesma e com os seus objetivos e é preciso que seja fiel aos seus princípios. Para impedir que tudo volte ao que era antes, é importante olhar para o motivo do pedido de ajuda, para garantir que este expressa o verdadeiro “eu”, o verdadeiro bem-estar.
Posto isto, vamos à pergunta: por que fazer psicoterapia?
Resposta: para aumentar as chances de ser feliz! Isso mesmo! Se você se conhece, se vai mergulhando cada vez mais nessa jornada fascinante para dentro de si mesmo, suas escolhas passam a ser mais coerentes com quem você realmente é. Começa a descobrir o que é seu e o que é o do outro, que crenças e desejos são dos seus pais, da cultura ou da sociedade, de modo geral. O que você quer manter e o que quer mudar.
Uma outra razão é a possibilidade de identificar e comunicar com clareza emoções ou sentimentos. Quantos de nós temos dificuldade em entrar em contato com a raiva, o medo, a inveja? Ou ainda, de chorar, expressar amor, carinho e ternura? Quantas brigas surgem por não termos clareza do que sentimos e por não comunicarmos nossas emoções (ou o fazermos de forma equivocada)?
Para isso, é preciso saber primeiro o que não quer, e logo em seguida o que se quer; é necessário reconhecer necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais e o meio de atendê-las.
E como esse auto-conhecimento acontece no processo terapêutico? É no vínculo, na relação que se estabelece entre o cliente e o psicoterapeuta, que isso ocorre. O psicoterapeuta não dá conselhos, não sugere, não resolve os problemas do outro. Escuta, questiona, confronta, acolhe, apóia, conforta – tudo isso dependendo da necessidade e forma de atuação de cada um.
Técnicas são utilizadas para investir, esclarecer, trazer novos ângulos, mas elas são recursos auxiliares. É no âmago da relação que cura acontece e ela não é unilateral, se dá em ambas as partes. Sim, o psicoterapeuta também cresce, amadurece, se modifica com o processo terapêutico de seus clientes.
Existem diferentes abordagens psicoterapêuticas e todas elas dão sua contribuição para o crescimento do indivíduo. Cabe a cada um se informar e buscar aquela linha com que mais se afina.
          Mova-se! Busque-se, investigue-se, "conheça-te a ti mesmo", como disse Sócrates. Embarque nessa fantástica jornada em busca de si mesmo. Ela é fascinante e libertadora, pode apostar!

Micheli Krayevski
(47) 9193 6553
chelykrayevski@gmail.com