sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Orientação Sexual para Adolescentes

Se fala tanto no termo orientação sexual nos dias de hoje. Mas afinal de contas, do que se trata?

A orientação sexual é uma forma de esclarecer questões relacionadas ao sexo, só que este esclarecimento deve ser livre de preconceitos e tabus. A dificuldade é encontrar pessoas esclarecidas que venham a cooperar na fase mais difícil e de maiores descobertas da vida de qualquer individuo: a adolescência.
Se falar de sexo já é considerada uma tarefa difícil, falar sobre sexo com adolescentes é mais complicado ainda. Já que estão no momento em que acreditam saber de tudo, não precisar da ajuda de ninguém – fase esta conhecida como onipotência adolescente, conceito dado por Aberastury.
Deve-se considerar que está sim é a hora para se conversar sobre sexo, já que é quando se está descobrindo as mais diferentes formas de se relacionar e sentir prazer. É ai que se fica mais exposto aos “perigos” do sexo (DST’s, gravidez indesejada, frustrações sexuais...). Infelizmente o ser humano tende a acreditar que o perigo sempre está ao lado de outras pessoas e que nada irá acontecer com ele mesmo, o que o coloca vulnerável a tais situações.
O objetivo principal da orientação sexual é preparar os adolescentes para a vida sexual de forma segura, chamando-os à responsabilidade de cuidar de seu próprio corpo. Desde higiene, proteção e sempre que necessário buscar orientação medica (ginecologista para as mulheres e o urologista para os homens). Esses profissionais poderão ajudar a tirar todas as duvidas físicas existentes. Para as duvidas psicológicas (frustrações, fantasias, medos, etc) o profissional mais indicado é o psicólogo.
Falar de camisinha, anticoncepcional, DST’s entre outros é comum. Todas as escolas passam esses conceitos. O problema está em ouvir esses adolescentes, deixar que eles expressem seus sentimentos, suas duvidas, e poder romper com os mitos tão comumente falado durante esse processo de descobertas. Ainda mais com a supervalorização do sexo, que acaba revertendo num processo contrario: a banalização.
É importante falar sobre as espectativas da primeira vez, a escolha do parceiro, sentimentos, paixões, emoções... ESCLARECER!
Luiz Fernando Veríssimo é quem diz que: “Você é o seu sexo. Todo o seu corpo é um órgão sexual, com exceção talvez das clavículas”. Talvez até mesmo as clavículas sejam e não tem nada melhor no mundo do que nos descobrir e descobrir nossa sexualidade com o menos numero possível de traumas


Micheli Krayevski

Psicóloga
chelykrayevski@gmail.com
9193-6553

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Desenvolvimento de Doenças Psicogênicas

As doenças psicogênicas são diagnosticadas geralmente após ter se descartado as possibilidades biológicas para esta. Em muitos casos não são tratadas adequadamente justamente pela dificuldade do diagnostica, por incredulidade de muitos profissionais da saúde.
Um caso bastante comum é do vomito psicogênico. Pois a principio é visto como um comportamento reflexo, cujo controle deve ser identificado nos estímulos incondicionados e nos estímulos condicionados, de acordo com a história do sujeito (Wolf, 1974). Há evidências, no entanto, de que, tal comportamento pode ser controlado pelas conseqüências que o seguem, caracterizando-se portanto como um operante. Em muitos casos o comportamento de vomitar torna-se persistente, podendo ocorrer com frequência altamente dramática, mesmo na ausência de patologia. Esses casos são referidos como vômito psicogênico (Erickson e Ogden, 1977 e Walen e colaboradores, 1977). As conseqüências para o organismo relacionam-se à diminuição das funções orgânicas, perda constante de peso, desnutrição e até morte. Os tratamentos médicos para esse tipo de problema envolvem dietas, fármacos e cirurgias. Os procedimentos comportamentais no tratamento de vômito psicogênico, em crianças de até aproximadamente dois anos, conforme revisão de literatura efetuada por Walen (1977), têm se restringido ao uso de controle aversivo, como por exemplo, suco de limão colocado na língua. A utilização desses procedimentos é justificada pela impossibilidade do uso de técnicas que seriam mais eficientes com jovens ou adultos (por exemplo: Prática Positiva, Dessensibilização, etc.) e também pela eficiência do controle aversivo na rápida redução do comportamento problema.
As vertigens podem-se acompanhar de elementos psicológicos, como causa e/ou efeito. É uma relação às vezes imbricada e também ás vezes pouco evidente numa primeira abordagem, sobretudo quando o quadro vertiginoso ocupa lugar de destaque. A compreensão das implicações psicológicas é essencial para uma resolução adequada do problema e a sistematização de algumas patologias ajuda, mas estamos longe de poder generalizar a importância dos fatores psicológicos e as relações causa/efeito, tanto porque temos poucos conhecimentos que nos elucidem sobre estas questões, nomeadamente quanto aos mecanismos subjacentes a esta relação vertigem/psicopatológico, como pela complexidade de fatores envolvida.
Devemos antes de mais precisar o tipo de vertigem de que estamos a falar. É muito diferente um estado de ansiedade que surge na sequência de uma vertigem de causa orgânica, por exemplo pós-traumática, de uma vertigem psicogénica a que podemos chamar de tontura. Ainda diferente e mais complicado é quando surge uma vertigem de causa orgânica definida numa pessoa com particularidades prévias de personalidade, pois não só se altera o quadro sintomático, como os insucessos terapêuticos se podem prolongar de forma desconcertante.
Se nos Estados de Ansiedade e nas Crises de Pânico podem surgir queixas subjetivas de desequilíbrio juntamente com um conjunto de sintomas patognomónico, que nos orientam para um diagnóstico, já por exemplo nos
Estados Dissociativos (correspondendo à anterior designação de “histerias”), os quadros clínicos estando igualmente ligados à ansiedade, podem ter uma apresentação que nos remete para outras patologias. Assim, não se oferecem dúvidas quanto aos procedimentos diagnósticos, que obrigam antes de mais a uma avaliação otorrinolarigológica, só permitindo depois outros tipos de abordagens, com vista a sistematizar racionalmente o estudo do doente.
Sabemos que o doente procura a cura para o sofrimento e incapacidade que a vertigem causa, e a insegurança que lhe é transmitida por “saltar” de intervenção médica em intervenção médica sem se conseguirem esses objectivos agrava a própria situação clínica. Pode-se chegar ao limite de se instalarem quadros depressivos e neuróticos à volta das crises vertiginosas, num estado conjunto muito incapacitante, transformando-se as crises em estados quase permanentes de doença.
Assim se evidencia a importância da recolha não só da descrição exaustiva das crises, como de eventuais fatores que de forma manifesta ou latente, as desencadeiem ou acompanhem, bem como acontecimentos de vida ou particularidades significativas da história pessoal.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM

No ser humano, desde pequeno existe a comunicação, mas esta não é feita por meio oral. A linguagem é um sistema de símbolos culturais internalizados, e é utilizada como comunicação social. Assim como no caso da inteligência e do pensamento, o seu desenvolvimento passa também por períodos até que a criança chegue a utilização de frases e múltiplas palavras.
Ao nascer, a criança não entende o que lhe é dito. Somente aos poucos começa a atribuir um sentido ao que escuta. Do mesmo modo acontece com a produção da linguagem falada. O entendimento e a produção da linguagem falada evoluem com o passar do tempo.
O desenvolvimento da linguagem se divide em dois estádios: o pré-lingüístico, quando o bebê usa de modo comunicativo os sons, sem palavras ou gramática; e o lingüístico, quando usa palavras.
No estádio pré-lingüístico a criança, de princípio, usa o choro para se comunicar, podendo ser rica em expressão emocional. Logo ao nascer este choro ainda é indiferenciado, porque nem ele, e muito menos a mãe sabe o que ele significa, mas aos poucos começa a ficar cheio de significados para ambos. É importante ressaltar que é a relação do bebê com sua mãe, ou com a pessoa que cuida dele, que lhe dá elementos para compreender seu choro.
No desenvolvimento da linguagem, os bebês começam imitando casualmente os sons que ouvem, através da ecolalia (repetição). Por isso as crianças que tem problema de audição, não evoluem para além do balbucio, já que não são capazes de escutar.
Por volta dos 10 meses, os bebês imitam deliberadamente os sons que ouvem, deixando clara a importância da estimulação externa para o desenvolvimento da linguagem. Ao final do primeiro ano, o bebê já tem certa noção de comunicação, uma idéia de referência e um conjunto de sinais para se comunicar com aqueles que cuidam dele.
O estádio lingüístico está pronto para se estabelecer. Sendo assim, contando com a maturação do aparelho fonador da criança e da sua aprendizagem anterior, ela começa a dizer suas primeiras palavras.
A fala lingüística se inicia geralmente no final do segundo ano, quando a criança pronuncia a mesma combinação de sons para se referir a uma pessoa, um objeto, um animal ou um acontecimento.
Espera-se que aos 18 meses a criança já tenha um vocabulário de aproximadamente 50 palavras. No entanto ainda apresenta características da fala pré-lingüística e não revela frustração se não for compreendida.
Aos 2 anos se espera que as crianças sejam capazes de utilizar um vocabulário de mais de cem palavras. Entre os 2 e 3 anos as crianças começam a adquirir os primeiros fundamentos de sintaxe, começando assim a se preocupar com as regras gramaticais. Usam, para tanto, o que chamamos de super-regularização, que é uma aplicação das regras gramaticais a todos os casos, sem considerar as exceções. É por isso que a criança quer comprar “pães”, traze-los nas “mães” (mãos).
Aos 6 anos a criança fala utilizando frases longas, tentando utilizar corretamente as normas gramaticais. Chomsky defende a idéia de que a estrutura da linguagem é, em grande parte, especificada biologicamente (nativista). Skinner afirma que a linguagem é aprendida inteiramente por meio de experiência (empirista). Piaget consegue chegar mais perto de uma compreensão do desenvolvimento da linguagem que atenda melhor a realidade observada. Segundo ele tanto o biológico quanto as interações com o mundo
social são importantes para o desenvolvimento da linguagem (interacionista).
Dentro da óptica interacionista, da qual Piaget é adepto, o aparecimento da linguagem seria decorrência de algumas das aquisições do período sensório-motor, já que ela adquiriu a capacidade de simbolizar ao final daquele estádio de desenvolvimento da inteligência. Soma-se a isso a capacidade imitativa da criança. As primeiras palavras são intimamente relacionadas com os desejos de ações da criança.
O egocentrismo da criança pré-operatório também se faz presente na linguagem que ela exibi. Desse modo, ela usa frequentemente a fala egocêntrica, ou privada, na qual fala sem nenhuma intenção muita clara de realmente se comunicar com o outro, centrada em sua própria atividade. É como se a criança falasse em voz alta para si mesma. Contudo ela também usa a linguagem socializada, que tem como objetivo se fazer entendida pelo interlocutor.
Já de acordo com Vygostisky não basta apenas que a criança esteja ‘exposta’ à interação social, ela deve estar ‘pronta’, no que se refere à maturação, desenvolver o estágio para compreender o que a sociedade tem para lhe transmitir:
Para fazer uma síntese do que torna fácil aprender para a criança, apresentamos abaixo:

A LÍNGUA É FÁCIL QUANDO:
É real e natural
É integral
Faz sentido
É interessante
Faz parte de um acontecimento social
Tem utilidade social
Tem propósito para a criança
A criança a utiliza por opção

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O faz-de-conta de cada dia


Os jogos não são soluções mágicas, que resolvem qualquer problema da criança, mas certamente, ajudam no seu desenvolvimento, facilitando a descoberta do sujeito dentro de suas características singulares. Pelos jogos as crianças renovam as culturas infantis, desenvolvem formas de convivência social, se modificam e recebem novos conteúdos, a fim de se fortalecer. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança vivencia a vitória da aquisição de um novo saber, o acrescentado a cada novo brincar.
A brincadeira libera o aprendizado sobre as pessoas e as coisas do mundo. Através do contato com seu próprio corpo, o seu ambiente, com a interação com outras crianças e adultos, as crianças vão desenvolvendo a capacidade afetiva, a cognição e a linguagem. “Na brincadeira infantil a criança assume e exercita os vários papéis com os quais interage no cotidiano. Ela brinca, depois, de ser o pai, o cachorro, o motorista, jogando estes papéis em situações variadas” (OLIVEIRA, 1992).
O faz-de-conta é uma brincadeira de complexidade, uma atividade lúdica que libera o uso da criatividade. Pelo faz-de-conta a criança pode reviver situações que lhe causam alegria, medo, raiva ou ansiedade. Ela pode, neste jogo mágico, expressar e elaborar fortes emoções muitas vezes difíceis de suportar na vida real. E a partir de suas ações nas brincadeiras, explora as diversas representações que tem destas situações difíceis, podendo melhor compreendê-las ou reorganizá-las.
De acordo com Vygotsky, o faz-de-conta é uma atividade essencial para o desenvolvimento cognitivo da criança, pois exercita o plano da imaginação, a capacidade de planejar, imaginar situações, os seus conteúdos e as regras próprias a cada situação. Para este autor, “a situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori. A criança imagina-se como mãe da boneca e a boneca como criança e, dessa forma, deve obedecer às regras do comportamento maternal” (VYGOTSKY, 1998).
Kishimoto destaca a situação imaginária e as regras, como elementos importantes na brincadeira infantil, onde, nas situações imaginárias claras ou não, há regras implícitas e explícitas. Através da brincadeira, a criança desenvolve a atenção, a memória, a autonomia, a capacidade de resolver problemas, se socializa, desperta a curiosidade e a imaginação, de maneira prazerosa e como participante ativo do seu processo de aprendizagem. “Ao prover uma situação imaginativa por meio da atividade livre, a criança desenvolve a iniciativa, expressa seus desejos e internaliza as regras sociais” (KISHIMOTO, 2003).
Frente os entendimentos apontados, a escola de educação infantil deve atender às necessidades da criança em suas diferentes fases do desenvolvimento, com propostas pedagógicas adequadas, que contenham atividades que despertem sua imaginação, contribuindo para o processo de construção da sua autonomia e conhecimento.
REFERENCIAL TEÓRICO

KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003
OLIVEIRA, Z. M. Creches: Crianças, faz-de-conta & cia. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PEDOFILIA: a doença por detrás do crime


Mesmo sendo considerado um fato indignante a Pedofilia é uma realidade que sempre esteve presente em nossa sociedade. Mesmo nos tempos mais remotos já foram encontrados vestígios dessa prática. Em muitas culturas era normal o adulto ter relações sexuais com crianças, já que fazia parte da iniciação sexual de seus membros, como nas tribos de Marind, na Malásia. Na Grécia Antiga, a prática não era bem aceita se os meninos tivessem menos de 12 anos, apesar de não haver lei contra isso. Na Idade Média, a partir de determinações dos imperadores bizantinos Constantino e Justiniano, as relações sexuais entre adultos e crianças começaram, de fato, a ser condenadas. Hoje as leis estão cada vez mais rígidas contra esse tipo de exploração sexual. Como a lei aprovada recentemente, em que portar material pornográfico, incluindo crianças é crime e dá cadeia! Mesmo assim são pouquíssimos os casos denunciados.
Como o caso ocorrido recentemente em Recife, o padrasto engravidou a menina de 9 anos – que ele abusa desde os 6 anos. Outro, em nossa região, ocorreu em Jaraguá do Sul, um rapaz de 26 anos abusou sexualmente de uma menina de apenas 2 anos. Esses são dois casos que foram divulgados pela mídia, mas muitos outros casos ocorrem e são encobertos. Socialmente são fatos revoltantes de causar repulsa em muitos. Até mesmo em presídios é uma pratica condenada pelos demais detentos (esses que já chegaram a matar!).
Vendo casos assim, nos perguntamos: o que passa pela cabeça de um sujeito desses? A psicologia e a sexologia já têm compreensão disso.
A pedofilia é uma parafilia, que quer dizer um padrão de comportamento sexual em que o prazer não está no ato sexual em si, mas em outra atividade ou objeto. Para o pedófilo o objeto de desejo é a criança e só através dela sentirá prazer sexual. Esse comportamento sexual é considerado pela OMS - Organização Mundial da Saúde uma anomalia, doença e perversão.
O pedófilo tem no mínimo 16 anos de idade e é pelo menos 5 anos mais velho que a vítima. O abuso ocorre em todas as classes sociais, raças e níveis educacionais. A grande maioria dos abusadores são homens, mas existem casos de mulheres também.
Esse abusador justifica seu ato dizendo que a criança passa a se sentir especial, que está oferecendo a oportunidade dela se desenvolver sexualmente, sentir prazer... Mas na realidade as conseqüências emocionais para a criança são bastante graves, tornando-as inseguras, culpadas, deprimidas, com problemas sexuais e nos relacionamentos íntimos na vida adulta.
Como na grande maioria das vezes o molestador é alguém próximo da criança é de suma importância que prestemos atenção nas mudanças de comportamento da criança e demos sim importância a suas denuncias e demais formas que elas utilizam para expressar que está sendo abusada.
Se a família ou a escola não se preocupar em cuidar e proteger essas crianças, elas sem duvida nenhuma estarão cada vez mais vulneráveis ao abusador. O governo disponibiliza um número para que esses crimes sejam denunciados, sem necessidade de identificação. É o disque 100, que pode ser ligado de todo território nacional. Temos que ter coragem e denunciar qualquer suspeita.

Micheli Krayevski – Psicóloga

chelykrayevski@gmail.com

Grupo de Apoio: oportunidade de rever a sexualidade de mulheres mastectomizadas


O câncer é hoje um tema muito considerado pelos meios de comunicação por tudo o que ele representa culturalmente e por suas implicações fisiológicas. Este tema é muito abordado em livros, revistas e publicações científicas apontando formas de diagnóstico, desenvolvimento e tratamento da doença. Essa exploração normalmente é enfocada no câncer como uma patologia e não na pessoa que vive esta situação.
O ser humano é constituído de biológico, psicológico e sócio-cultural; vivenciar este tripé equilibradamente o faz mais pleno e satisfeito consigo mesmo e com seu meio. Dentre essa satisfação está a sexualidade. Todo ser humano necessita viver sua sexualidade. Vivenciar-la é dar sentido ao corpo, a mente e as relações que se estabelecem ao longo do desenvolvimento. Em sua historia de vida a sexualidade traz marcas em cada fase do desenvolvimento - a infância, a adolescência a vida adulta e a velhice. Em todas estas fases a ela acompanha o indivíduo e dá o ritmo de satisfação e de convivência. É notório que qualquer alteração no corpo e na vida emocional refletirá diretamente na vivência da sexualidade, pois tudo está associado na completude da existência humana. Existem múltiplas ocorrências ao longo da vida que podem alterar a sexualidade de uma pessoa, porém aqui, irei me ater apenas ao câncer de mama e suas implicações na sexualidade de quem vivencia tal situação. Pois, os seios são de suma importância na vivência da sexualidade das mulheres e também dos homens.
A mastectomia (retirada total ou parcial do seio) é uma das formas de se lidar com o câncer de mama. Sem essa parte essencialmente feminina do corpo, a mulher mastectomizada passa a acarretar disfunções psicológicas e sexuais.
O trabalho de psicoterapia de grupo e de grupos de apoio vem como um auxilio importantíssimo a essas mulheres. Em grupo elas encontram a oportunidade de conhecer as dificuldades umas das outras, assim podendo se ajudar e ter como apoio a cumplicidade que se estabelece nesses grupos.
A possibilidade de entrevistar e vivenciar as sessões de grupo possibilitou compreender não somente algumas faces da realidade das mulheres mastectomizadas, como também as formas adotadas por elas para enfrentar a doença, assim como os modos de expressar a sua sexualidade. É importante destacar que cada mulher reage a cirurgia conforme algumas variáveis que dizem respeito à sua história de vida, ao contexto social e familiar. As dificuldades encontradas pelas mulheres para se adequarem a uma nova situação, a perda da mama, veio a comprometer de uma certa forma todos os âmbitos de suas vidas. As alterações do próprio corpo implicam também em transformações afetivas, refletidas na forma de como as mulheres percebem a si mesmas e na forma de vivenciarem seu cotidiano. O processo de (re)adequação da sexualidade a esse novo referencial de corpo ocorre lentamente. A oportunidade de expressar espontaneamente suas dificuldades e participar do grupo com mulheres que passam por situações semelhantes ajuda muito na elaboração dessa nova fase e nova sexualidade a ser descoberta.
Abraços
Micheli