sábado, 31 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo - Carlos Drummond Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa

fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Co-dependencia



Se você...
Acredita que é a melhor pessoa do mundo, pois agrada aos outros e não a si mesmo; Interrompe suas atividades para atender ao chamado alheio; Faz sempre mais do que os outros pedem; Habilidosamente, antecipa e abre mão de seus desejos com extrema facilidade; Depois, fica chateado quando os outros não fazem o mesmo... Se identificou com esta situação? Fique atento, pois você pode estar sendo um co-dependente!
O co-dependente é alguém que acredita ser responsável pela felicidade das pessoas a sua volta, e por outro lado não consegue tomar conta nem mesmo de sua vida. É de grande importância discutir esse assunto, também ter o conhecimento e discernimento para identificar a diferença entre uma relação saudável de ajuda e a co-dependência.
As relações saudáveis de ajuda e cooperação são aquelas onde a relação se estabelece entre duas ou mais pessoas de forma saudável e sem causar comprometimento à saúde mental dos membros dessa relação. É uma questão de saber viver sozinho, mas com o desejo de viver com o outro. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades da companhia ou do auxilio do outro. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento.
Já a co-dependência é um transtorno emocional relacionado aos familiares dos dependentes químicos, e atualmente estendido também aos casos de jogo patológico, sexo compulsivo, transtornos alimentares e outros problemas sérios de personalidade.
Não é tão simples como parece se perceber ou identificar que alguém está fazendo o papel de salvador. Os co-dependentes nos dão a impressão de ser um mártir, aquele que carrega a sua enorme cruz e mais a da pessoa julgada dependente. Eles têm muita dificuldade de conhecer seus sentimentos, estão habituados a se sacrificar pelos outros e nem se dão conta de que, em vez de controlar a sua própria vida, dedicam todo o seu tempo a controlar a vida dos outros. Sempre acaba dizendo que sim, quando na realidade sua vontade é dizer que não; Faz coisas que não quer realmente fazer, ou faz aquilo que caberia aos outros fazer.
Algumas atitudes do co-dependente pode parecer positiva, paciente e generoso, pois está baseado na melhor das intenções, mas, na realidade, é inadequado, exagerado e intruso. A questão é que o co-dependente está viciado na vida alheia e não sabe mais viver a sua própria. Adora dar, mas detesta receber, seja atenção, carinho ou ajuda. Desta forma, quanto mais se dedica aos outros, menos autoconfiança possui. Afinal, desconhecem os seus próprios desejos, limites e necessidades. 

A co-dependência se inicia quando uma pessoa, numa relação comprometida com um dependente, tenta controlar seu comportamento na esperança de ajudá-lo. Como consequencia dessa busca mal sucedida de controle das atitudes do próximo, a pessoa acaba perdendo o domínio sobre seu próprio comportamento e vida. Importante destacar que o co-dependente ama e ama muito a outra pessoa, por isso sua intenção é das melhores! É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes.
Há uma boa forma para identificarmos se estamos ou não sofrendo desse mal: Na co-dependência, as balanças sempre pendem para um lado. É frequente que um tenha de estar ‘por baixo’ para que o outro se sinta ‘por cima’. Não há equilíbrio, somente a temida lei da gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um ‘outro dominante’, pois os papéis estão em constante mudança. A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber afeto e atenção nos aproxima de modo saudável das pessoas que nos cercam sem corrermos o risco de criar vínculos destrutivos.

Segue alguns itens que os co-dependentes adoram fazer, segundo Melody Beattie (Co-dependência nunca mais, Ed. Record):
- Considerar-se e sentir-se responsável por outra(s) pessoas(s) – pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo destino dessa(s) pessoa(s).
- Sentir ansiedade, pena e culpa quando a outra pessoa tem um problema.
- Sentir-se compelido – quase forçado – a ajudar aquela pessoa a resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções.
- Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente.
- Comprometer-se demais.
- Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está.
- Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente.
- Achar que a outra pessoa o está levando à loucura.
- Sentir raiva, sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não está sendo apreciado.
- Achar que não é bom o bastante.
- Contentar-se apenas em ser necessário a outros.

Todos os co-dependentes devem buscar se livrar dessas situações, só assim conseguirão construir relacionamentos saudáveis e capazes de trazer a felicidade para ambas as partes. Ser escravo de alguém ou pior ainda, da dependência de alguém, não é produtiva a ninguém. Existem grupos especializados em trabalhar com as famílias de dependentes, esses grupos o ajudam a se livrar da co-dependencia e aprender a estabelecer relações saudáveis e cada vez mais equilibradas. Outra opção é a psicoterapia individual, nesta o profissional trabalhará diretamente com as dificuldades presentes e o ajudará a buscar um caminho de maior equilíbrio emocional.

Micheli Krayevski

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Síndrome do Pânico

A Síndrome do Pânico é um transtorno psicológico marcado pela ocorrência de inesperados momentos de pânico e por uma espera ansiosa de ter novas crises. As crises de pânico consistem em períodos de intensa ansiedade, geralmente com início súbito e acompanhados por uma sensação de catástrofe iminente. A frequência das crises altera de pessoa para pessoa e sua duração é variável, geralmente de alguns minutos.
"Quando começa eu já espero o pior, "aquilo" é muito maior do que eu, o caos toma conta de mim, é como uma tempestade que passa e deixa vários estragos... Eu sempre fico com muito medo de que aquilo ocorra de novo... minha vida virou um inferno”.
"Depois da primeira vez eu comecei a temer que acontecesse de novo, cada coisa diferente que eu sentia e eu já esperava... ficava com medo, não conseguia mais me concentrar em nada... deixei de sair de casa, eu não conseguia nem ir trabalhar".
Com estes relatos, é possível perceber o grau de sofrimento e impotência que estas pessoas sentem ao vivenciar as crises da tão famosa síndrome do pânico.
O corpo reage como se estivesse frente a um perigo, porém não há nada visível que possa justificar esta reação. A pessoa sente ansiedade frente às sensações de seu próprio corpo, há um estranhamento e um grande susto em relação ao que é sentido dentro da pele – a ameaça vem de dentro. É comum a pessoa passar a restringir a sua vida a um mínimo, limitando toda forma de estimulação para tentar evitar que  "aquilo” volte a ocorrer. Assim, começa a evitar sair de casa, ir a lugares específicos, evitar algumas atividades, priva-se de muitas experiências, o que passa a comprometer a sua vida pessoal, profissional e social.
A ansiedade é uma reação emocional natural que ocorre quando nos sentimos vulneráveis e na expectativa de um perigo. Quando a resposta emocional de ansiedade é muito intensa e repentina temos uma crise de pânico, que na verdade é um ataque agudo de ansiedade. Numa crise de pânico sofremos muito, achando que algo desastroso pode nos acontecer a qualquer momento. Durante a crise vem a mente uma série de interpretações  negativas sobre o que está ocorrendo, sendo muito comuns pensamentos catastróficos, como: de que está perdendo o controle, que vai desmaiar, que está enlouquecendo ou que vai morrer.
No geral, as crises de pânico apresentam quatro ou mais dos seguintes sintomas físicos: Taquicardia, falta de ar, dor ou desconforto no peito, formigamento,  tontura, tremores, náusea ou desconforto abdominal, embaçamento da visão, boca seca, dificuldade de engolir, sudorese, ondas de calor ou frio, sensação de irrealidade, despersonalização, sensação de iminência de morte.
Todos estamos sujeitos a ter uma eventual crise de pânico quando expostos a um estresse muito alto, quando inundados por emoções ou em situações que nos levam a um estado extremo de vulnerabilidade e desamparo. Os eventos podem ser de vários tipos como: separação, doença, morte de alguém próximo, vivências traumáticas, crises existenciais, crises profissionais, mudanças importantes na vida etc. Como aconteceu com o Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite. Esta é uma reação que faz parte do espectro normal de reações emocionais, apesar de pouco frequente e muito desconfortável.
O que caracteriza realmente a Síndrome do Pânico é que estas crises passam a se repetir. A partir de uma crise inicial a pessoa começa a apresentar crises repetidas, sentindo-se insegura, esperando ansiosamente por uma nova crise que pode ocorrer a qualquer momento. Há alguns fatores que levam uma pessoa a desenvolver este padrão repetitivo de crises que caracteriza a Síndrome do Pânico. Uma das razões é que geralmente as primeiras crises acabam sendo vividas como uma experiência traumática. Isso significa que ela fica registrada num circuito específico de "memória emocional" que passa a disparar a mesma reação automaticamente, sem a participação da consciência. Sempre que aparecem algumas reações parecidas no corpo inicia-se uma nova crise de pânico.
Passa a fazer constantes interpretações equivocadas e catastróficas de suas reações e sensações corporais,  achando que vai ter um ataque cardíaco, que está doente, que vai desmaiar, que vai morrer, etc. É comum a pessoa viver ansiosamente o que poderia ser vivido com mais tranquilidade. Esta perda de discriminação da sensação interna o compromete seriamente, pois se sente ameaçado constantemente por suas próprias sensações corporais. O corpo passa a ser a maior fonte de ameaça. Perder a confiança no próprio corpo leva a uma experiência de extrema fragilidade.
 Numa crise de pânico a pessoa reage frente aquilo que seu cérebro interpreta como um perigo. Não há um perigo real, apenas uma hiperativação do circuito do medo que dispara um alarme na presença de algumas reações corporais. A presença destes gatilhos corporais pode disparar ansiedade mesmo quando a pessoa não tem consciência deles. 
 O Tratamento
Há algumas diretrizes importantes para o tratamento da Síndrome do Pânico:
1 -  Etapa Educativa: compreender o que é o Pânico, assumindo a atitude certa para lidar com a ansiedade e as crises. Os sintomas do pânico são intoleráveis enquanto não compreendidos. A crise de pânico é um estado de intensa ansiedade, na qual o corpo da pessoa reage como se estivesse sob uma forte ameaça. Compreender este processo é fundamental para a sua superação. Nesta etapa aprende o que é a ansiedade, o que ocorre numa crise de pânico, seus sintomas  e formas de tratamento. A compreensão do Transtorno Pânico e dos Princípios do Tratamento favorece uma atitude construtiva e participativa, assim como o estabelecimento de uma aliança terapêutica para se desenvolver um bom trabalho.
2 - Auto-gerenciamento: desenvolvendo a capacidade de controle da situação. A pessoa com pânico precisa desenvolver uma melhor de auto-regulação, aprendendo a influenciar seu estado emocional, regulando o nível de ansiedade, diminuindo assim o sentimento de vulnerabilidade e a incidência de novas crises.
Este processo é possível pelo aprendizado de técnicas de auto-gerenciamento, que incluem trabalhos respiratórios, técnicas de direcionamento da atenção, fortalecimento da capacidade de concentração, técnicas visuais variadas, técnicas de relaxamento etc.
3 - Aumentar a tolerância à excitação interna. A pessoa com pânico tende a interpretar as reações de seu corpo, que fazem parte do estado ansioso, como se fossem sinais catastróficos, indicadores de um possível perigo, como um desmaio, um ataque cardíaco iminente, sinal de perda de controle, etc. É necessário enfraquecer esta associação automática onde a presença de algumas sensações corporais disparam uma reação automática de ansiedade, a se inicia o processo que leva ao pânico.
 4 - Desenvolver um "eu observador", permitindo diferenciar-se dos pensamentos ansiosos. Sob estado de ansiedade a pessoa é inundada de distorções cognitivas, com pensamentos que se projetam no futuro esperando pelo pior e interpretando as sensações em seu corpo como sinais de perigo iminente. Neste processo a  pessoa aprende a observar e reconhecer seus padrões de pensamentos e suas expectativas catastróficas sem ser dominada por eles. Aprende a ancorar o ego no “eu que observa” e não no tumultuoso “eu que pensa”.
5 - Desenvolver a capacidade de regulação emocional através dos vínculos.  Além da capacidade de auto-regulação é importante fortalecer a capacidade de se regular pelos vínculos, o que envolve desenvolver a capacidade de estabelecer e sustentar conexões profundas e vínculos de confiança. Este processo vai permitir que a pessoa supere o desamparo que a mantém vulnerável às crises de Pânico.Buscamos ajudar na reorganização dos padrões vinculares em direção a relações mais estáveis que possam permitir criar uma rede de vínculos e conexões mais previsíveis, essenciais para a proteção nos momentos de crise.
6 - Elaborar outros processos psicológicos atuantes. É importante mapear os fatores que estavam presentes quando a Síndrome do Pânico começou e que podem ter contribuído para a eclosão das crises. Neste contexto podem estar presentes ambientes e eventos estressantes, assim como  crises existenciais, crises em relacionamentos, crises profissionais e transições, como mudanças de fases da vida, por exemplo. A desestabilização emocional trazida por estes eventos poderia produzir estados internos de fragilidade e vulnerabilidade, responsáveis pela eclosão das primeiras crises de pânico.
Sobre a Medicação
Os remédios podem ser recursos auxiliares importantes para o controle das crises de pânico, trabalhando conjuntamente com a psicoterapia para ajudar na superação da Síndrome do Pânico. Porém, há  algumas ponderações sobre a sua utilização. Primeiro, é necessário ter claro que os remédios não ensinam a pessoa como ela própria pode influenciar seus estados internos e assim a superar o sentimento de impotência que o pânico traz. Não ensinam a compreender os sentimentos e experiências que desencadeiam as crises de pânico. E não ajudam a pessoa a perder o medo das reações de seu corpo e a ganhar uma compreensão mais profunda de seus sentimentos. Os remédios - quando utilizados - devem ser vistos como auxiliares do tratamento psicológico. Algumas pessoas optam por um tratamento conjugado de medicação e psicoterapia enquanto outras optam por tratar o pânico somente com psicoterapia. A opção mais precária seria tratar o pânico somente com medicação, visto que o índice de recaídas é maior quando há somente tratamento medicamentoso do que quando há também um tratamento psicológico. Os remédios mal administrados podem acabar mascarando por anos o sofrimento ao invés de ajudar a pessoa a superá-lo.

Para que haja um controle do Pânico, não basta controlar as crises, é necessário integrar as sensações e sentimentos que estavam as disparando e assim superar o estado interno de fragilidade e desamparo. A melhora advém quando a pessoa torna-se capaz de sentir-se identificada com seu corpo, capaz de influenciar seus estados internos, sentindo-se conectada com os outros à sua volta, podendo lidar com os sentimentos internos, se reconectando com os fatores internos que a precipitaram no Pânico e podendo lidar com eles de um modo mais satisfatório. Superar a experiência da Transtorno de Pânico pode ser uma grande oportunidade de crescimento pessoal, de uma retomada vital e contemporânea do processo psicológico de vida de cada um.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Em pés de pano você vem, aliviando os lapsos de minhas memórias bagunçadas. Chega como toques de vento brando,em rimas ricas de beijos e graças vivas – trazidas em seus passos marcados. As lembranças guardadas estão temperadas, ao gosto e ao sabor do tempo vivido junto e ao árduo peso da saudade sentida...
Agora, depois de tão moída e remoída as incerteza de vida a dois, me acena e conforta a chance de caminharmos juntos. Vem tal qual brisa leve, avivando teias de aranha ou espalhando o pouco calor de sol. Com dedos ávidos por vida, busco te alcançar.
Afasta meu cabelo do rosto, seca minha lágrima teimosa, me deixa demorar em teu colo, abrevia a tristeza e solta o meu sorriso.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sexualidade Atípica / Parafilia

Como em outras áreas, nos estudos da sexualidade humana, o que é normal é definido pela norma estatística. Assim, o critério de normalidade baseia-se na frequência de dado comportamento sexual, dos padrões culturais e do período histórico.
Durante muitos anos as condutas sexuais raras foram consideradas “aberrações” ou desviantes. O termo científico sexualidades atípicas ou parafilia veio substituir estas terminologias baseadas em julgamentos morais.
As parafilias são marcadas por fantasias recorrentes sexualmente excitantes, impulsos sexuais ou comportamentos sexuais que implicam, geralmente, excitação sexual como resposta a estímulos incomuns, tais como, objetos não humanos, sofrimento ou humilhação do próprio e do seu parceiro, crianças ou outras pessoas sob coação.
Os parafílicos normalmente possuem impulsos persistentes e recorrentes, que variam de intensidade, são compulsivos ou de difícil controle, tal como os adictos por drogas. Em alguns casos, isto é explicado, devido a comorbidade entre a Parafilia e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
Para a maioria dos parafílicos, o comportamento, os estímulos sexuais atípicos ou as fantasias parafílicas são o único meio de conseguir satisfação sexual ou excitação erótica. Tipicamente, a pessoa com parafilia reproduz o ato parafílico em fantasias sexuais para se estimular e excitar durante a masturbação ou nas relações sexuais. Noutros casos, as preferências parafílicas ocorrem apenas em episódios; enquanto noutras ocasiões a pessoa é capaz de funcionar sexualmente sem as fantasias ou estímulos sexuais atípicos. Sendo que, depois de algum tempo, a pessoa sente necessidade de viver a realidade de outro ato parafílico, flutuando entre diversos tipos de parafilias.
Segue alguns exemplos de parafilias:
- Vomerofilia: atração sexual por vômito;
- Sinforofilia: excitação sexual por situação de desastre – um acidente de trânsito, por exemplo;
- Gerontofilia: atração sexual por pessoas mais velhas;
- Hibristofilia: atração sexual por estupradores ou assassinos – o que pode ser perigoso para o parafílico, assim como no filme “Atração Fatal”;
- Autogonistofilia: auto-excitação com exibicionismo - ao ser fotografado nu, ou espelhos, por exemplo;
- Infantilismo: excitação ao ser tratado como criança ou bebê;
- Fetichismo: excitação por determinado objeto – como calcinhas, botas, couro, etc.
- Travestismo: vestir-se ou disfaçar-se com roupas do sexo oposto;
- Asfixia auto-erótica: é a prática onde é reduzida intencionalmente a emissão de oxigênio para o cérebro durante uma estimulação sexual – há diversos casos de morte com essa prática;
- Sado-masoquismo: a busca do prazer e do orgasmo se processa através de produzir dor (sadismo) e sentir dor (masoquismo);
- Zoofilia: atração ou envolvimento sexual com animais;
- Necrofilia: a excitação sexual decorrente da visão ou do contato com um cadáver
- Olfactofilia: excitação a partir de odores das diferentes partes do corpo, principalmente os órgãos genitais;
- Misofilia: estímulo sexual obtido através do contato físico com pessoas, roupas e objetos sujos.
- Urofilia: excitação associada ao ato de urinar ou receber o jato urinário do parceiro
- Coprofilia: excitação sexual relativa ao contato com fezes ou urina do parceiro sexual
- Narratofilia: excitação em contar histórias eróticas ao parceiro, principalmente aquelas consideradas sujas, pornográficas ou obscenas;
- Crematistofilia: há a excitação quando é obrigado a pagar ou então é roubado por sua parceira sexual – prostituição;
- Exibicionismo: busca obtenção satisfação sexual no fato de exibir os órgãos genitais a outros.
- Voyerismo: obtem prazer sexual através da observação de outras pessoas em ato sexuais, nuas, em roupa intima, ou com qualquer vestuário que seja apelativo para o indivíduo em questão;
- Frotteurismo: envolve tocar e se esfregar em uma pessoa sem seu consentimento, geralmente em locais com grande concentração de pessoas – ônibus lotado ou show, por exemplo.
- Pedofilia: atração sexual de adultos por crianças ou pré-adolescentes (ver texto sobre o assunto);
-> Existem muitas outras parafilias que não estão descritas aqui.
Não é clara a percentagem de parafilias na população geral, sendo que, com exceção do masoquismo sexual, todas as parafilias se manifestam quase exclusivamente nos homens (20:1).
O comportamento atípico no que diz respeito a sexualidade deve ser considerado uma cultura específica. Trata-se da forma como cada pessoa vive a sua sexualidade. Desde que o mesmo respeite o outro e as leis vigentes, não pode ser considerado um problema. Em alguns casos o comportamento parafílico, principalmente o predominantemente agressivo irrompe a lei, subjuga e causa sofrimento ao outro ou para si próprio. Nestes casos, convém fazer uma avaliação e consequente terapia sexual acompanhada de psicoterapia.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A Hora da Estrela (Clarice Lispctor)

"Felicidade? Palavra doida inventada por nordestinas que andam aos montes por aí". A parte introdutoria dessa obra é um momento em que o autor (Clarice Lispector se colocou como homem para escrever o livro, já que, segundo ela mesma, uma mulher não conseguiria retratar essa história) é invadido por uma necessidade de relatar a vida de uma nordestina que encontrou. Ele vive a partir daí uma luta contra sua vontade, já que não quer escrever uma história tão mediocre. Durante toda a narrativa desculpa-se com o leitor por o invadir com essa história.
Macabéa é o nome dessa alagoana de "ovários murchos", mas esse nome surge no livro somente quando já passado da metade. Antes o auto a chama somente de "nordestina" ou "datilógrafa" - sua profissão. Nessa parte inicial, antes do nome revelado Macabéa simplesmente não existia. Seu nome surge exatamente no momento em que ela começa a namorar com o também nordestino Olimpico. Pois é nesse momento que ela se torna sujeito, o olhar de Olimpico a torna gente!
Olimpico um homem sem instrução nenhuma, que guarda o segredo que o fortalece e o faz sentir mais homem. Matou um outro homem. Ele mais tarde vira deputado e se casa com Glória, a colega de trabalho de Macabéa. Olimpico tem breves encontros com a sua então namorada Maca. Em um desses encontros ele lhe paga um café e considera muito grande o investimento para uma namorada como a pobre alagoana. Afinal, Macabéa só sabia chover...
Essa moça sonsa nos enche de piedade e por vezes raiva durante sua historia. Piedade por sua ingenuidade e seus pedidos de desculpas (por só chover, por não ser uma boa datilógrafa etc, etc...). Raiva por estar grávida de um futuro que nunca chega, nem nunca chegou!
No livro do Pe. Fabio de Melo e Gabriel Chalita, o padre escreve ao seu amigo essas palavras "A hora da estrela foi a hora da morte. Não havia outro desfecho possível. Macabéa não poderia chegar viva ao outro lado da avenida, pois não teria sonhos para continuar. Não teria um amor que a encharcasse de motivos e a ajudasse a suportar as dores da vida" (Cartas Entre Amigos - Sobre medos contemporâneos).
Definitivamente Maca era um tipo de "capim vagabundo", e esse, a unica coisa que deseja é o solo. Enfim o autor "se livra" da nordestina e nos enche com essa obra que nos faz refletir o valor da vida.
O maior ensinamento do livro fica no trecho: "Porque há direito ao grito. Então eu grito". Gritar por mim, e por todas as nordestinas espalhadas por aí procurando uma felicidade que só existe do outro lado da avenida...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Dependencia Emocional

Não é incomum, nos depararmos com notícias sobre mulheres que foram agredidas por seus companheiros – muitas chegando ao ponto de ficarem desfiguradas. O mais estranho (aos olhos de quem está de fora) é que acabam dando declarações sobre perdão e amor. Há quem fique indignado diante de tais afirmativas e não consiga compreender como essas mulheres, mesmo após tantas agressões físicas e psicológicas, conseguem perdoar o agressor.
A violência doméstica tem um ciclo. A mulher passa pela fase de lua de mel, na qual tudo está bem e ela se sente protegida; depois vem a tensão e a crise, que culminam inicialmente em violência psicológica e logo em seguida a violência física; ela pensa em tomar uma atitude; o companheiro pede perdão, porque se arrepende; e ela acredita, retorna ao relacionamento, pois espera que tudo volte a ficar bem... Vulgarmente as pessoas acham que a mulher gosta de ficar nesta situação, mas não é verdade.
Em muitos casos, o que acontece é a dependência emocional, visto que as mulheres tendem a idealizar o relacionamento e até mesmo o companheiro, sendo difícil para elas dissociar o homem por quem se apaixonaram daquele que lhes agride. O amor patológico é aquele que prejudica a relação, a si mesmo e ao outro – não é saudável. A dependência afetiva se torna presente e o outro se transforma no centro de suas vidas, aqui podemos chamar esse processo de “cegueira emocional".
Existe ainda toda uma educação sexista que colabora com isso, nos lembrando que muitas mulheres crescem acreditando que só serão felizes se conseguirem se casar. Também vemos muitas mães que dizem para as filhas, vítimas de violência, que “é assim mesmo”, “não tem jeito”, “melhor com ele”, mostrando que o comportamento acaba sendo transmitido na família de geração em geração.
Os casos que chegam ao consultório psicológico costumam ser graves, com mulheres que sofrem violência emocional e física e até mesmo correm risco de morte. Este é um problema democrático, porque não afeta apenas uma classe social, faixa etária, religião ou raça, em todos os lugares podemos encontrar uma vítima.
A dependência emocional em relação a um companheiro violento tem tratamento. É um processo. Não acontece do dia para a noite, mas aos poucos é possível fazer com que essa mulher dissocie amor de violência. O próprio homem acha que age por amor, por medo de perder “sua mulher” e o psicoterapeuta trabalha para mostrar que amor, afeto e respeito podem e devem andar juntos. Um não é do outro, não deve haver relação de posse, sempre devemos buscar no outro relacionamentos construtivos e que nos tragam crescimento e felicidade.
As pessoas que tendem a permanecer num relacionamento destrutivo, percebem que algo está errado, sentem-se infelizes, mas se sentem incapazes de colocar um ponto final. Essa incapacidade faz parte do problema, continuar sofrendo e infeliz num relacionamento destrutivo, mostra o quanto é necessário uma ajuda profissional urgente.
A melhor ajuda é a psicoterapia, mas o primeiro passo é assumir que a doença existe, e o segundo passo é buscar auxílio de um psicólogo ou grupos de apoio. É impossível conseguir amar de forma saudável se estamos doentes, é importante manter sempre atividades que goste de fazer e nunca abandonar nada por causa do outro, lembrem-se que o outro deve ser complemento saudável de sua vida e não o centro da mesma. Buscar ajuda o mais rápido possível é o recomendado, amar demais é um vício tão perigoso quanto qualquer outro, e pode ser fatal.

Micheli Krayevski
(47) 9193 6553

terça-feira, 12 de julho de 2011

EJACULAÇÃO PRECOCE E IMPOTENCIA SEXUAL MASCULINA



É impressionante como problemas psíquicos seguem determinados caminhos. A ejaculação precoce e a impotência sexual são precedidas por algumas alterações emocionais e seguidas de muitas outras, geralmente mais intensas e graves. A partir do momento que o exame clínico, feito pelo médico, não detecta qualquer alteração de ordem física, devemos tratar dos aspectos emocionais das disfunções sexuais.
Nos tempos atuais, em que procuramos em farmácias soluções para as dores do mundo, onde as pessoas buscam resultados quase que imediatos para todos problemas, muitas vezes se corre o risco de se tratar apenas as consequências, esquecendo das causas e condições geradoras da situação. O resultado é uma cura artificial e sintética, podendo cronificar determinadas situações de sofrimento ao indivíduo. Obviamente não podemos, em hipótese alguma, desmerecer os avanços da medicina na área sexual, e os novos remédios no mercado, que abriram a possibilidade de cura e prolongamento da satisfação sexual, principalmente na terceira idade.
O inadmissível é o uso indiscriminado destes produtos, em pessoas que deveriam ter outra abordagem terapêutica, pois como disse anteriormente, o exame clínico deveria ser a ponte para determinar se o tratamento deve ser medicamentoso, psicoterápico ou ambos. Infelizmente tal fato não ocorre, na maioria das vezes, inclusive devido aos interesses da comercialização farmacológica.
A impotência é, em boa parte dos casos, um sinal orgânico para que a pessoa reflita sobre sua vida sexual, devendo ampliar ou mudar suas idéias acerca do que é uma verdadeira relação de prazer.
A impotência sexual é um fardo quase que insuportável para os homens. Nada despotencializa mais a autoestima deles. Se estivermos falando de potência ou impotência, logo chegaremos a lógica conclusão de que as raízes do problema estão ligadas aos aspectos do poder. Como o sujeito vivencia o mesmo, é o fator determinante de sua disfunção sexual. A impotência é o retrato físico de determinada decepção, amargura ou desilusão emocional. É a crença extremamente internalizada de que aquilo que era uma fonte de imenso prazer se transformou num profundo medo de ser constantemente colocado a prova. Devemos nos perguntar, como ocorre esta "rebelião" através de nossos sentidos? A resposta é que a pessoa acometida de tal distúrbio, quase sempre procura negar a essência de seu ato sexual. Se desejar desenfreadamente sexo puramente para provar poder, seu corpo fornece a mensagem oposta, de que a pessoa necessita urgentemente de uma ligação profunda e amorosa. Se ocorrer infidelidade ou promiscuidade, a mensagem é a culpa resultante de tal conduta que afetará a esfera sexual. Mesmo no caso de uma relação estável e amorosa, a mensagem da impotência pode ser que a pessoa simplesmente abortou ou trocou seu gozo sexual, por alguma obrigação que tende cumprir segundo determinado código moral.
A ejaculação precoce possui o significado inconsciente de que a pessoa "não pode perder tempo com seu prazer sexual", simplificando ao máximo o ato sexual. Talvez sua energia esteja quase que totalmente deslocada para o trabalho ou ambição material. O fato é que a atitude sexual, nada mais é do que o espelho de determinada conduta ou visão de mundo. O homem moderno ingenuamente tenta dissociar seus afazeres profissionais das questões íntimas, quando um é totalmente o reflexo do outro. Jamais poderemos encher nossa alma com a luta diária pelo poder e ascensão social, sem que tais questões afetem nossos sentimentos mais íntimos.
Temos de pensar nos sintomas dos distúrbios sexuais, como mensagens que nossa mente nos passa, sendo que a principal delas é que devemos novamente priorizar o lado afetivo. Tanto a impotência sexual quanto a ejaculação precoce, clamam para que a pessoa recupere seu prazer sexual perdido no meio das ambições que preencheram a vida.
Obviamente o aspecto de egoísmo também está presente nos distúrbios sexuais, pois o outro será privado da satisfação sexual. Logicamente isto não é uma regra, mas temos de investigar cada caso, para sabermos as motivações inconscientes dos bloqueios, e via de regra nos deparamos com um caráter individualista, possessivo e controlador. Infelizmente esta postura de sabotar o prazer do outro, acaba gerando o fim de sua própria satisfação sexual. Em nossos tempos, o ser mais "subversivo" é aquele capaz de usufruir sem culpa não apenas da satisfação sexual, mas da reciprocidade, companheirismo e intimidade plena de um relacionamento.
O tratamento para a impotência sexual e ejaculação precoce de natureza psíquica passa obrigatoriamente pela psicoterapia. A impotência e a ejaculação precoce é um teste duríssimo para medir o grau de confiança. O quanto aceita ser visto como alguém falível, ao invés do conceito cristalizado de que deve estar sempre pronto para o ato sexual.
Talvez toda a problemática acima citada, seja o epitáfio de um modelo de vida que deve se extinguir, se a pessoa realmente desejar satisfação plena. A desumanização de todo tipo de relacionamento, caminha a passos largos em nossa era. A doença seja física ou psíquica, tem preenchido o espaço que seria cativo da felicidade conjugal e/ou da relação. O uso de qualquer medicamento para a impotência sexual de causa psicológica, apenas mascara e adia a solução do problema, sendo que a terapia é fundamental para o tratamento eficaz.

Micheli Krayevski
Psicóloga
(47) 9193 6553

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Erotização precoce: Mundo Adulto X Mundo Infantil

Muitos acham graça quando crianças falam que têm namorados, trocam beijinhos e declarações de amor. Os pais apresentam seus filhos de poucos meses de vida como ótimos pretendentes para os pequenos filhos dos amigos; o pai festeja o menino que será pegador; a mãe vibra com as meninas que destruirão corações; vídeos de crianças apaixonadas circulam encantando os internautas. O que fica na cabecinha de quem ouve ou protagoniza esse tipo de coisa? Será que essa brincadeira (aparentemente inocente) não está lançando a infância em um terreno adulto demais?
É papel dos pais separar para seus filhos o que é do mundo adulto e do mundo infantil, e não misturar tudo – como muitos vêm fazendo. Não é à toa que cada vez mais cedo, meninos e meninas com 12 anos de idade ou muito menos “ficam” com os colegas da escola ou vizinhos como se fossem adolescentes. E mães de crianças com cinco anos levam um susto quando pegam as filhas beijando uma amiguinha na boca, em uma brincadeira onde a Barbie namorando já não é mais suficiente.
A indústria de roupas e cosméticos investe na “adultização” da infância, e este mercado vai crescendo às custas dos anos roubados das crianças. O problema é que os adultos, principalmente os pais, não percebem a seriedade do problema e caem na armadilha, estimulando o atropelo das brincadeiras, com atividades que incentivam os namoricos de mentirinha e conduzem a uma verdade preocupante: a erotização precoce.
O namoro é a vivência da sexualidade, da atração pelo corpo do outro, portanto, não é assunto de criança. Apenas na adolescência, o corpo começa a sofrer transformações que os levarão a um corpo adulto e maturidade emocional para a vida de casal. Antes disso, qualquer iniciativa para erotizar as relações ou fantasias infantis devem ser evitadas. O que os pais e a sociedade falam promove mudanças precoces interferindo negativamente no desenvolvimento infantil.
As afirmações dos pais sobre namoros entre crianças funcionam como o consumo de produtos para adultos na infância. A mãe que compra um sutiã de bojo para a filha de 8 anos pode estar buscando resolver, por intermédio do corpo da criança, as dificuldades com a própria sexualidade. Em geral, cria-se um movimento de fusão entre as duas (identidade e matriz). A filha funciona como um cabide da sexualidade da mãe. É um movimento inconsciente! Pais que têm uma vida sexual reprimida ou insatisfatória vivem a sexualidade pelo prazer dos filhos. Quanto mais comprometida estiver a vida sexual, mais vacilaram.
A atitude dos pais deve ser de provocar as crianças para pensarem em outras coisas. Não se deve jogar luz, valorizar, dizendo coisas como: “O meu filho é macho, já está beijando”. As crianças precisam ser estimuladas a viver em sociedade, sem foco na sexualidade, mas sim usufruindo o melhor que esta fase pode lhe proporcionar.
A sexualidade vivenciada de maneira precoce e distorcida afasta a criança daquilo que é próprio da idade, como o aprendizado escolar. A criança precisa estar com a sexualidade adormecida, com o foco fora do seu próprio corpo, para poder enxergar o mundo. Ou foca a energia para a sexualidade ou para o aprendizado. Mais tarde, quando já teve tempo para aprender o que é básico das letras e dos números, tem energia para viver com as duas coisas ao mesmo tempo. Além de problemas de sexualidade precoce, terá mais dificuldade no aprendizado escolar.
Os pais não podem ter medo de ser careta, é necessário dizer: “Isso não é coisa de criança. Você só vai beijar e namorar quando crescer”.

Micheli Krayevski
chelykrayevski@gmail.com

Dicas para procurar emprego


1. Como está o seu currículo? Ao montar seu currículo atente-se as informações necessárias como: dados pessoais, formação e experiência profissional.

2. Network, Network e... Network! Comece anunciando que você está procurando um emprego. Fale com amigos, familiares, professores, colegas… Em suma fale com todo o mundo! Envie seu currículo para empresas que você gostaria de trabalhar e sempre atualize seu cadastro em agencias de emprego.

3. Use a internet. Existem diversos sites e blogs que anunciam constantemente vagas disponíveis.
Esteja atento ao site da RHT     www.rhtrh.com.br

4. Visite um consultor de carreira, mostre-lhe o seu currículo e peça a opinião. O consultor de carreira também poderá te ajudar a identificar suas potencialidades, além de te indicar novas oportunidades.

5.Quanto mais tempo você fica inativo, mais tempo irá levar você para encontrar um novo emprego. Assim, considere fazer trabalho voluntário para uma organização ou entidade. Isto lhe dará a chance de melhorar suas habilidades profissionais e até mesmo aprender outras novas.

6. Mantenha-se motivado na sua busca. Quando você menos esperar, uma nova porta lhe será aberta.

terça-feira, 28 de junho de 2011

POR QUE FAZER PSICOTERAPIA?

Eis uma das maiores incógnitas ao se tratar de atendimento psicológico: É possível mudar com a ajuda da psicoterapia? Até porque, muitas vezes ouvimos dizer que “as pessoas não mudam”. Sendo assim, será útil recorrer à terapia? O que poderá fazer a diferença?
Cada um de nós está em constante mudança, mas quanto mais vezes repetimos determinados padrões de comportamento, mais enraizados estes ficam, nos deixando resistentes à mudança. Assim, os maus hábitos podem se confundir com a nossa própria maneira de ser (essência), nos levando a acreditar que a mudança é impossível.
A maior parte das pessoas pode mudar, mas isso é mais difícil se existirem perturbações emocionais. Se uma pessoa estiver deprimida, é preciso tratar primeiro da depressão para que as mudanças desejadas possam ter lugar. As pessoas mais ansiosas são obviamente mais resistentes à mudança, mesmo que se sintam desconfortáveis com a sua vida. Nestes casos, o medo do desconhecido é ainda pior do que o sofrimento atual. Afinal, mudar dói, mas não mudar dói mais ainda! Por outro lado, quando uma pessoa  é auto-disciplinada e tem uma boa rede de suporte, a mudança é muito mais fácil.
Para que a psicoterapia seja eficaz é preciso:
ENFRENTAR O PROBLEMA. Os problemas são, ao mesmo tempo, fontes de estresse e oportunidades de crescimento. Enfrentar um problema implica usarmos a nossa força e as nossas competências, mas às vezes, é mais fácil culpar os outros, procrastinar ou até negar a existência das dificuldades. Utilizamos de mecanismos de defesa, para evitar o desconforto associado à mudança. É por isso que, não raras vezes, um problema permanece pendente ao longo de vários anos. Enfrentar o problema implica reconhecer a realidade como ela é; implica na confrontação dos fatos e a busca de uma solução, em vez de varrer a poeira para debaixo do tapete. A aceitação (do problema) deve substituir a resignação para que o comece a procurar respostas para as dificuldades, para que as alternativas que até aqui não tinham sido consideradas, possam pelo menos, ser pensadas.
AUTO-RESPONSABILIDADE. Independentemente de se tratar de um pedido de ajuda referente a problema individual, profissional, conjugal ou familiar, o desespero e a desesperança são frequentes no início de um processo psicoterapeutico. A mudança começa quando as pessoas conseguem ser honestas consigo mesmas e aceitam que, de algum modo, são responsáveis pela situação em que se encontram. Quando culpamos os outros pelas nossas dificuldades, é muito mais difícil reconhecer o nosso poder, a nossa capacidade para lutar pela felicidade. Temos de escolher se queremos ser parte da solução ou parte do problema.
ATUAR. Para que as mudanças sejam alcançadas, não basta refletir, é preciso tomar decisões. Claro que isso só pode acontecer quando a pessoa se sente preparada, não adianta forçar. Um divórcio, uma mudança profissional ou uma “simples” mudança de casa podem ser assustadores. Muitas vezes é preciso enfrentar o medo do desconhecido e isso requer coragem. Às vezes, a mudança ocorre precisamente porque o sofrimento associado ao problema é de tal modo avassalador que suplanta o medo do desconhecido.
AUTODISCIPLINA. Há quem diga que o sucesso é 1% de inspiração e 99% de transpiração e o mesmo é aplicável à mudança. É preciso esforço e concentração contínuos para que possamos alcançar resultados significativos. Muitas pessoas perdem a coragem quando não vêem resultados imediatos. De um modo geral, trata-se de pessoas que não sabem adiar a satisfação. Qualquer mudança é acompanhada de ansiedade e desconforto, pelo que é preciso manter a força de vontade para atingir os resultados pretendidos. Em psicoterapia, o processo de mudança não é linear – há avanços e recuos, estagnações e saltos - a persistência é necessária e compensa.
COMPROMISSO. Para que uma mudança seja duradoura, é preciso que a pessoa se comprometa consigo mesma e com os seus objetivos e é preciso que seja fiel aos seus princípios. Para impedir que tudo volte ao que era antes, é importante olhar para o motivo do pedido de ajuda, para garantir que este expressa o verdadeiro “eu”, o verdadeiro bem-estar.
Posto isto, vamos à pergunta: por que fazer psicoterapia?
Resposta: para aumentar as chances de ser feliz! Isso mesmo! Se você se conhece, se vai mergulhando cada vez mais nessa jornada fascinante para dentro de si mesmo, suas escolhas passam a ser mais coerentes com quem você realmente é. Começa a descobrir o que é seu e o que é o do outro, que crenças e desejos são dos seus pais, da cultura ou da sociedade, de modo geral. O que você quer manter e o que quer mudar.
Uma outra razão é a possibilidade de identificar e comunicar com clareza emoções ou sentimentos. Quantos de nós temos dificuldade em entrar em contato com a raiva, o medo, a inveja? Ou ainda, de chorar, expressar amor, carinho e ternura? Quantas brigas surgem por não termos clareza do que sentimos e por não comunicarmos nossas emoções (ou o fazermos de forma equivocada)?
Para isso, é preciso saber primeiro o que não quer, e logo em seguida o que se quer; é necessário reconhecer necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais e o meio de atendê-las.
E como esse auto-conhecimento acontece no processo terapêutico? É no vínculo, na relação que se estabelece entre o cliente e o psicoterapeuta, que isso ocorre. O psicoterapeuta não dá conselhos, não sugere, não resolve os problemas do outro. Escuta, questiona, confronta, acolhe, apóia, conforta – tudo isso dependendo da necessidade e forma de atuação de cada um.
Técnicas são utilizadas para investir, esclarecer, trazer novos ângulos, mas elas são recursos auxiliares. É no âmago da relação que cura acontece e ela não é unilateral, se dá em ambas as partes. Sim, o psicoterapeuta também cresce, amadurece, se modifica com o processo terapêutico de seus clientes.
Existem diferentes abordagens psicoterapêuticas e todas elas dão sua contribuição para o crescimento do indivíduo. Cabe a cada um se informar e buscar aquela linha com que mais se afina.
          Mova-se! Busque-se, investigue-se, "conheça-te a ti mesmo", como disse Sócrates. Embarque nessa fantástica jornada em busca de si mesmo. Ela é fascinante e libertadora, pode apostar!

Micheli Krayevski
(47) 9193 6553
chelykrayevski@gmail.com
         

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Psiquiatra, psicólogo ou psiquiatra?

O termo "psi", é muito utilizado pelas pessoas, e quase sempre é permeado de confusão quanto aos significados, principalmente quando se refere aos profissionais indicados por este termo: psiquiatra, psicólogo ou psicanalista.

O psiquiatra é um profissional da medicina que após ter concluído sua formação, opta pela especialização em psiquiatria, esta é composta de 2 ou 3 anos e abrange estudos em neurologia, psicofarmacologia e treinamento específico para diferentes modalidades de atendimento, tendo por objetivo tratar as doenças mentais. Ele é apto a prescrever medicamentos, atuação não designada ao psicólogo. Em alguns casos, a psicoterapia e o tratamento psiquiátrico devem ser aliados.

O psicólogo tem formação superior em psicologia, ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, pensamentos, razão) e o comportamento humano. O curso tem duração de 4 anos para o bacharelado e licenciatura e 5 anos para obtenção do título de psicólogo. No decorrer do curso a teoria é complementada por estágios supervisionados que habilita o psicólogo a realizar psicodiagnóstico, psicoterapia, orientação, entre outras. Pode atuar no campo da psicologia clínica, escolar, social, do trabalho, entre outras.
O profissional pode optar por um curso de formação em uma abordagem teórica, como por exemplo: gestalt-terapia, psicodrama, psicanálise, terapia cognitivo-comportamental, entre outros.

O psicanalista é o profissional que possui uma formação em psicanálise, método terapêutico criado pelo médico austríaco Sigmund Freud, que consiste na interpretação dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de uma pessoa, baseado nas associações livres e na transferência. O psicanalista pode ter formação em diferentes áreas de ensino superior.