terça-feira, 24 de novembro de 2009

Desenvolvimento de Doenças Psicogênicas

As doenças psicogênicas são diagnosticadas geralmente após ter se descartado as possibilidades biológicas para esta. Em muitos casos não são tratadas adequadamente justamente pela dificuldade do diagnostica, por incredulidade de muitos profissionais da saúde.
Um caso bastante comum é do vomito psicogênico. Pois a principio é visto como um comportamento reflexo, cujo controle deve ser identificado nos estímulos incondicionados e nos estímulos condicionados, de acordo com a história do sujeito (Wolf, 1974). Há evidências, no entanto, de que, tal comportamento pode ser controlado pelas conseqüências que o seguem, caracterizando-se portanto como um operante. Em muitos casos o comportamento de vomitar torna-se persistente, podendo ocorrer com frequência altamente dramática, mesmo na ausência de patologia. Esses casos são referidos como vômito psicogênico (Erickson e Ogden, 1977 e Walen e colaboradores, 1977). As conseqüências para o organismo relacionam-se à diminuição das funções orgânicas, perda constante de peso, desnutrição e até morte. Os tratamentos médicos para esse tipo de problema envolvem dietas, fármacos e cirurgias. Os procedimentos comportamentais no tratamento de vômito psicogênico, em crianças de até aproximadamente dois anos, conforme revisão de literatura efetuada por Walen (1977), têm se restringido ao uso de controle aversivo, como por exemplo, suco de limão colocado na língua. A utilização desses procedimentos é justificada pela impossibilidade do uso de técnicas que seriam mais eficientes com jovens ou adultos (por exemplo: Prática Positiva, Dessensibilização, etc.) e também pela eficiência do controle aversivo na rápida redução do comportamento problema.
As vertigens podem-se acompanhar de elementos psicológicos, como causa e/ou efeito. É uma relação às vezes imbricada e também ás vezes pouco evidente numa primeira abordagem, sobretudo quando o quadro vertiginoso ocupa lugar de destaque. A compreensão das implicações psicológicas é essencial para uma resolução adequada do problema e a sistematização de algumas patologias ajuda, mas estamos longe de poder generalizar a importância dos fatores psicológicos e as relações causa/efeito, tanto porque temos poucos conhecimentos que nos elucidem sobre estas questões, nomeadamente quanto aos mecanismos subjacentes a esta relação vertigem/psicopatológico, como pela complexidade de fatores envolvida.
Devemos antes de mais precisar o tipo de vertigem de que estamos a falar. É muito diferente um estado de ansiedade que surge na sequência de uma vertigem de causa orgânica, por exemplo pós-traumática, de uma vertigem psicogénica a que podemos chamar de tontura. Ainda diferente e mais complicado é quando surge uma vertigem de causa orgânica definida numa pessoa com particularidades prévias de personalidade, pois não só se altera o quadro sintomático, como os insucessos terapêuticos se podem prolongar de forma desconcertante.
Se nos Estados de Ansiedade e nas Crises de Pânico podem surgir queixas subjetivas de desequilíbrio juntamente com um conjunto de sintomas patognomónico, que nos orientam para um diagnóstico, já por exemplo nos
Estados Dissociativos (correspondendo à anterior designação de “histerias”), os quadros clínicos estando igualmente ligados à ansiedade, podem ter uma apresentação que nos remete para outras patologias. Assim, não se oferecem dúvidas quanto aos procedimentos diagnósticos, que obrigam antes de mais a uma avaliação otorrinolarigológica, só permitindo depois outros tipos de abordagens, com vista a sistematizar racionalmente o estudo do doente.
Sabemos que o doente procura a cura para o sofrimento e incapacidade que a vertigem causa, e a insegurança que lhe é transmitida por “saltar” de intervenção médica em intervenção médica sem se conseguirem esses objectivos agrava a própria situação clínica. Pode-se chegar ao limite de se instalarem quadros depressivos e neuróticos à volta das crises vertiginosas, num estado conjunto muito incapacitante, transformando-se as crises em estados quase permanentes de doença.
Assim se evidencia a importância da recolha não só da descrição exaustiva das crises, como de eventuais fatores que de forma manifesta ou latente, as desencadeiem ou acompanhem, bem como acontecimentos de vida ou particularidades significativas da história pessoal.