quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Férias Organizacionais


Férias é um período para descansar e se desligar da vida profissional, certo? Na teoria, sim. Na prática, nem sempre isso acontece, seja porque a pessoa não consegue se desincumbir de todas as tarefas ou simplesmente porque não consegue se desligar do trabalho. Qualquer que seja o problema é preciso atenção por parte da empresa e do funcionário, pois o repouso é necessário e contribui para dar novo fôlego às ideias e mais disposição para trabalhar. Férias também exige planejamento, para que os profissionais não se sobrecarreguem nem antes nem depois do período de ausência.
A dica é pensar nas férias com antecedência, ambos (empresa e funcionário) devem estar alinhados. O primeiro passo é fazer um levantamento das tarefas e dos projetos pendentes. Com isso, é possível definir se será necessário remanejar um funcionário de outra área ou mesmo contratar outro profissional para cobrir as férias. Sem esse alinhamento, a tendência é que o profissional que vai sair em férias fique sobrecarregado antes e depois da pausa. Existe ainda o risco de os colegas de trabalho terem que arcar com tarefas e decisões para as quais não estavam preparados, aumentando as chances de erros e equívocos. É nessa hora que o papel de um bom gestor faz toda a diferença. Cabe a ele saber o que cada um está desenvolvendo e articular pessoas e áreas. Ao saber que um funcionário vai sair de férias, ele deve programar todos os demais para lidar com aquela ausência, dividindo funções e responsabilidades. Em muitos casos, a programação de férias das empresas é feita para o ano todo, com a participação dos gestores e funcionários das áreas, de modo que todos saibam, com bastante antecedência, quando cada um estará ausente. Assim, o profissional pode tanto fazer sua programação pessoal quanto organizar o trabalho e distribuir as tarefas. Essa flexibilidade é boa para o gestor, para o funcionário e para a empresa, pois dá equilíbrio e se ajusta às necessidades de todos. 
Um quesito essencial para o bom funcionamento das férias é o profissional conseguir deixar suas atividades distribuídas de forma segura. Os profissionais que não conseguem planejar suas atividades e distribuir tarefas para que a empresa funcione na sua ausência demonstram despreparo, centralização excessiva e falta de dinâmica para atividades em grupo. Deixar o celular ligado, diferente do que muitos podem achar, é um mau sinal. Sintoma de que ele não conseguiu preparar a equipe para sua ausência. É preciso implantar a cultura de que ninguém é insubstituível, que as tarefas devem ficar na empresa e que os processos e procedimentos devem ser documentados de forma a ser compreendida pelos colegas e gestores.  O profissional deve estar seguro o suficiente para realmente se desligar do trabalho durante as férias, deixar tudo de lado e descansar de verdade. É recomendável também que, ao retornar das férias, ele faça uma reunião de alinhamento com os colegas, que poderão inclusive propor sugestões para melhorias das rotinas de trabalho.
Férias são extremamente necessárias para que as energias sejam recarregadas e assim enfrentar mais um ano de trabalho. Aproveite para visitar a família, viajar, ou encontre a melhor forma para você descansar o corpo e a mente.
Boas férias e um 2013 maravilhoso para você!

Abraço

Micheli Krayevski
Psicóloga
chelykrayevski@gmail.com


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Programa Antiestresse


 Ambientes tensos, cobranças, competitividade, ameaças e provocações são coisas que, quando fazem parte do ambiente de trabalho geram o tão conhecido estresse. Se um dos elementos citados acima já provoca um desconforto gerador de estresse, o que dirá então de organizações onde se encontram todos estes elementos somados? Com um mercado cada vez mais exigente, as responsabilidades percorrem por toda a empresa, desde o mais alto até o mais baixo escalão. O pior é que esse cabo de guerra entre empresa versus funcionário, sempre irá arrebentar do lado mais fraco: no ser humano.
Já se sabe que a qualidade dos produtos ou serviços de uma empresa é diretamente proporcional à qualidade de vida que ela proporciona aos seus colaboradores. Daí fica evidente a necessidade de um programa antiestresse nas empresas – para o próprio bem delas. Pois, funcionários estressados podem se rebelar contra a organização e negligenciar seu trabalho, não cuidar dos produtos ou clientes, buscar atestados médicos, ou até afastamentos. Trocando em miúdos, uma empresa que olha pelos seus empregados cria um círculo virtuoso, enquanto que uma que não lhes dá o devido zelo, vai caminhando para a ruína.
E no que consistiria este “programa antiestresse”? Dentro desse Programa, o trabalhador poderia ter um acompanhamento médico e psicológico; ginástica laboral; dentre outras atividades de apoio ao trabalhador. Poderia também dentro da organização, ter um espaço para que o trabalhador pudesse relaxar e desestressar, tais como: jogos lúdicos, café, leituras, televisão, sala de repouso, entre outras ideias que possam surgir, até mesmo por parte dos funcionários. O próprio colaborador, em contrapartida, deveria cuidar de sua saúde, com exames médicos periódicos, desenvolver atividades físicas, boa alimentação, momentos de lazer, ou seja, buscar uma qualidade de vida também fora do ambiente de trabalho.
Tanto a empresa como o funcionário ganharia com tais medidas. Mas (vamos combinar, né?) estamos no Brasil, onde a grande maioria das empresas não têm condições de implantar um terço desse programa antiestresse. Ainda do outro lado, o trabalhador brasileiro, em sua maioria, não dispõe de tempo ou de recursos para fazer a sua parte. E os motivos são vários, desde uma dupla jornada de trabalho até a falta de dinheiro ou opções de lazer.
E como aqui no Brasil se dá jeito para tudo, a questão é: como proporcionar qualidade de vida no trabalho levando-se em conta as restrições orçamentárias das empresas? E como o funcionário poderia fazer a sua parte, visto que este também sofre sérias restrições orçamentárias, sem condições sequer de pagar um plano de saúde?
Não existe uma resposta simples para estas questões, mas segue algumas dicas para melhorar a sua qualidade de vida no trabalho:
- Planejamento: No início de seu dia de trabalho, planeje e estabeleça as prioridades a serem cumpridas. Estabeleça um limite para as horas de trabalho e mantenha-se fiel a ele. Se você vai trabalhar até mais tarde, pergunte-se se tais tarefas não poderiam ser concluídas no dia seguinte e de forma mais eficaz.
- Bom humor: Procure agir com bom humor com seus colegas de trabalho, sorria, permita que o clima seja o mais descontraído possível. Afinal, passamos mais tempo com eles do que com nossos familiares.
- Lidar com críticas: Aprenda encarar os comentários e críticas que são feitos sobre você ou sobre o seu trabalho. Os comentários são uma oportunidade de crescimento. Saiba reconhecer as críticas que têm valor para você e se perceber que alguma não te acrescenta em nada, simplesmente descarte.
- Pontos fortes e fracos: Não somos perfeitos. Portanto, devemos reconhecer nossos potenciais e nossas limitações. Devemos ter a humildade suficiente para reconhecer nossos pontos fracos, não vá além dos seus próprios limites. Aprenda a dizer NÃO.
- Relaxamento: sempre que sentir necessidade, pare e respire profundamente, quantas vezes achar necessário. Nos momentos de muita tensão, mude de ambiente. Vá a algum lugar onde você não tem o hábito de ir: um outro andar, copa ou sala. Passe lá um curto período de tempo, para respirar e se acalmar. Andar é muito bom para relaxar o corpo. Sempre que tiver alguns minutos livres, caminhe um pouco.
- Organização: Faça uma limpeza nas gavetas, organize o escritório e a sua mesa.
- Renovação: Renove seu trabalho. Tente fazer tarefas repetitivas e burocráticas de forma diferente. Converse com seus colegas de trabalho, você poderá encontrar maneiras de ter mais prazer e rendimento na execução de suas atividades.
- Necessidades: Mesmo que você trabalhe com um cronograma apertado, procure reservar tempo para as suas necessidades básicas, como fazer exercícios físicos, dormir cedo, comer bem e relaxar.
- Celebração: Comemore suas conquistas, mesmo aquelas que pareçam pequenas. Avalie todas as vitórias alcançadas e valorize o tempo gasto, a energia e os sentimentos atrelados a cada uma delas.
- Ajuda: sempre que se sentir estressado por longos períodos, converse com algum colega e/ou amigo, desabafe! Se ainda assim não se sentir mais aliviado, procure ajuda profissional.
Se precisar, conte comigo!

Abraço e até a próxima

Micheli Krayevski
Psicóloga
www.michelikrayevski.blospot.com.br
chelykrayevski@gmail.com
(47) 9193-6553




sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Exposição - A Gente Não Quer Só Comida


Hoje em dia, com o progresso da Medicina, especialmente no ramo da Psiquiatria, o Transtorno Mental vem se inserindo no contexto dos problemas de Saúde Pública. Agora eles podem ser adequadamente identificados e diagnosticados, e mais importante ainda, já conta com recursos terapêuticos específicos que possibilitam o tratamento ambulatorial, como o da Clínica Casa Vida. Se evita assim, as internações desnecessárias, que muitas vezes tornavam-se iatrogênicas por asilarem o portador de transtorno mental.
A Reforma Psiquiátrica tem como princípio básico o respeito aos direitos das pessoas com transtornos mentais, buscando sua reintegração na vida familiar e comunitária. Enfim, seu bem estar e sua felicidade. É preciso que pessoas com transtornos mentais sejam reconhecidos como seres integrais, dignos, com direito à liberdade, à integridade física e moral, à qualidade de vida. Para alcançar esses objetivos, devemos trabalhar em conjunto e diminuir o preconceito por parte dos profissionais de saúde, das famílias e da comunidade em geral. Afinal, aceitar e tratar com respeito e afeto o portador de transtorno mental é o melhor caminho para a sua reabilitação e para o fortalecimento de sua cidadania.
Para isso, o Projeto “A Gente Não Quer Só Comida”, além de reivindicar o acesso à cultura, também busca minimizar o sofrimento dos pacientes valorizando sua forma de expressão. Pode ser também disseminador de tal realidade, desmistificando os mitos da “loucura”, o que vem a contribuir para alavancar o processo de efetiva reinserção social das pessoas com transtornos mentais na comunidade.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Serial Killer - do Cinema para a Vida Real


O cinema recorre constantemente a personagens psicopatas para montar tramas densas e enigmáticas. Quem não se lembra do massacre na escola americana de Columbine, quando dois adolescentes metralharam colegas e professores. Essa tragédia foi traduzida para a arte do cinema sob o nome de Elefante. O filme mostra a vida cotidiana dos alunos da escola que se tornou palco de uma das mais sangrentas páginas dos Estados Unidos. Assistimos a dois amigos que compram uma metralhadora e resolvem acertar contas com as pessoas que tinham desavenças. Ainda falando de jovens, o filme Anjo Malvado, estrelado por Macaulay Culkin, mostra um garoto de 12 anos que começa a praticar atos de maldade gratuita após a morte de sua mãe. A frieza e o grau das maldades praticadas pela criança assustam e impressionam. Como não falar então do clássico filme Psicose, que apresenta a história de uma mulher que se hospeda em um hotel de beira de estrada e conhece o misterioso dono que, na verdade, é um psicótico esquizofrênico. 

Contudo, o prêmio de maior serial killer da história do cinema é de: Hannibal Lecter. Ele protagoniza uma série de filmes: iniciada por Silêncio dos Inocentes, seguido de Hannibal, Dragão Vermelho e o mais recente Hannibal – A origem do mal. Outro é Jigsaw, um homem por detrás do boneco bizarro do sangrento filme Jogos Mortais, onde pessoas são obrigadas a realizar tarefas que envolvem raciocínio, muita dor e escolhas difíceis para sobreviverem. Um filme de tanto sucesso que já está em sua sexta continuação, sempre trazendo pontos da história do serial killer e mostrando suas motivações para os assassinatos em série. Ainda, a incrível interpretação de Kevin Costner em Instinto Secreto. Um empresário bem sucedido que em seu tempo livre mata desconhecidos, incentivado por seu alter ego.
Quando nos deparamos com estes assassinos, fabricantes de mortes aparentemente sem sentido, de alguma maneira escancaram nossa vulnerabilidade no mundo. Por isso, é natural que busquemos explicações científicas, filosóficas ou psíquicas, na ânsia de, ao menos, ordenar e padronizar os motivos de tais atos.
O termo “serial killer” foi criado pelo criminalista norte-americano Robert Ressler, ele dividiu esses criminosos em três categorias: a primeira seria daqueles que sofrem de psicoses e apresentam sintomas de esquizofrenia, como escutar vozes e sofrer de alucinações, que a partir daí partiriam para a execução dos crimes. Em outro grupo aqueles que sentem um prazer sádico em planejar de maneira metódica o que antecede e o que sucede à morte de suas vítimas. Na terceira categoria estariam os criminosos que apresentam de maneira simultânea as duas características descritas nos grupos anteriores. O psiquiatra James de Burguer, acrescentou mais uma categoria à lista de Ressler: os que acreditam que estão livrando a sociedade de algum grupo que representa um desvio de conduta moral, como prostitutas ou homossexuais, ou que personifique alguma ameaça à comunidade. Um bom exemplo é o seriado Dexter, ele mata os criminosos procurados pela polícia.
De acordo com o psiquiatra Kurt Schneider, que cunhou o termo “psicopata” nos anos 1940, estes indivíduos teriam como traço mais marcante o uso praticamente exclusivo de suas faculdades racionais em detrimento da afetividade, isto é, um sujeito que não possui a mínima empatia por outras pessoas, as quais serão sempre usadas para que ele obtenha poder, status, diversão, prazer, etc. O psicopata tem de anormal um distúrbio na vontade, ele tem um ‘querer’ patológico. O sentimento é todo voltado para si mesmo, por isso não há culpa. Se você perguntar para o sujeito que tenha cometido algum crime se está arrependido do que fez, ele vai dizer que sim, pois está preso. No entanto, não demonstrará nenhuma piedade para com a vítima.
É importante ressaltar que, apesar da palavra “psicopata” ser comumente relacionada com os assassinos seriais, nem todos podem ser classificados como tal, porque a grande maioria dos psicopatas não apresenta impulsos violentos.
Ainda que ocorram em todo o mundo, o país de maior ocorrência destes eventos aterrorizantes são os Estados Unidos. No Brasil, os mais famosos são o Maníaco do Parque, Bandido da Luz Vermelha e Pedrinho Matador.
Mas qual fator seria o predominante para desencadear a formação de uma personalidade doentia, capaz de cometer crimes hediondos?
Todos os processos são endógenos. As causas biológicas podem ser inúmeras. Já foi pesquisado que algum comprometimento do lobo frontal, parental, meningite, anóxia no parto, entre outros diversos, podem predispor o sujeito a cometer crimes.
Fatores genéticos também podem ser levados em conta nesta equação. Pode ser que algumas pessoas nasçam com a propensão de se tornarem criminosas. Porém, é obvio que não é porque a pessoa possui uma disfunção endógena que vai trilhar este caminho, assim como apenas uma vivência dolorosa no passado não tem força para criar indivíduos capazes de praticar esses crimes monstruosos.
Convivemos com a hipótese mais aceita atualmente entre especialistas: o que faz de uma pessoa um verdadeiro criminoso, capaz de atos hediondos, são inúmeros fatores que ocorrem simultaneamente. Estes processos devem ser analisados a partir de uma ótica biopsicossocial. Se tem uma predisposição biológica, talvez o fato de contar com aspectos psíquicos, afetivos, sociais e culturais positivos, não seja suficiente para conter aquela pulsão. Por outro lado, às vezes, a predisposição biológica até é pequena e, no entanto, os processos afetivos e sociais são tão negativos que o sujeito parte para o crime. Há ainda, o fato facilmente observável de que mesmo que criados em uma comunidade violenta e sem o afeto e os cuidados de uma família, a maioria dos indivíduos sem predisposição biológica não se envolvem com crimes.
Apesar das inúmeras discussões suscitadas desde o final do seculo XIX, muitos psiquiatras veem com um olhar pessimista a tentativa de inclusão social de criminosos psicopatas. Não há tratamento eficaz para tal patologia. Existem inúmeros casos graves de erro judiciário, nos quais o psicopata é condenado como preso comum. A tendência, quando sair da reclusão, é a repetição da conduta.

Micheli Krayevski
chelykrayevski@gmail.com