É sabido, que ao longo de toda a história da humanidade as
substancias psicoativas foram utilizadas para alterar as percepções, entrar em
contato com deuses e até como um artifício para sair da realidade. Porem, é no século XX que o uso e abuso de drogas surge
como um problema social a ser combatido. As drogas tem assumido uma importância
cada vez maior, tornando-se uma questão de saúde pública.
Dois fatores específicos são notórios na diferença das
civilizações antigas para as atuais: a evolução cientifica em concentrar o
princípio ativo das plantas (potencializando seus efeitos alucinógenos); e o advindo
da Revolução Industrial que potencializou produção em larga escala e a comercialização
da droga.
No início os princípios ativos foram isolados com fins
medicinais. Até mesmo Freud se dedicou a estudar os efeitos da cocaína,
inclusive se utilizando como sujeito de pesquisa. Foi em 1884 que ele publicou
um artigo recomendando a cocaína, este foi severamente criticado. Já em 1885
ele começou a perceber o principal sintoma prejudicial da cocaína: a dependência.
Em 1887 ele publicou o artigo intitulado de “Angustia e Medo da Cocaína”, como
uma reparação no meio científico por ter recomendado o uso de tal substância.
Dr. Eduardo Kalina (1999) considera a drogadição uma doença
psicossocial com o envolvimento de fatores individuais, familiares e sociais. A
cultura social seria incentivadora do consumo de drogas quando dissemina a
mensagem que a vida não vale nada. Isso ocorre, segundo o autor, na medida em
que há produção de armas de destruição em massa, propagandas sobre drogas
legalizadas (álcool e tabaco), uma sociedade centrada no poder de consumo e na
obtenção de lucros. A indução ao uso de drogas aparece também na
supervalorização de ídolos usuários de drogas e/ou suicidas em potencial, na
existência do narcotráfico dominando cidades inteiras, na destruição das
reservas ecológicas do planeta, na corrupção, dentre outros motivos.
Se olhamos de perto, cada sociedade produz suas próprias patologias.
No caso da nossa, a combinação entre o desenvolvimento dos processos de produção
do álcool, cocaína, crack, a manufatura de drogas sintéticas cada vez mais
potentes e um meio social altamente competitivo, incentivador de desejos
ilimitados e da busca incessante pelo prazer imediato, produz um cenário ideal
para a proliferação do abuso de drogas e da dependência química.
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