Incrível como o conceito de
Autonomia é confundido com o de Liberdade. Filosoficamente autonomia refere-se
a capacidade de um indivíduo tomar suas próprias decisões com base na
razão. Para Kant, “servir-se de sua própria
razão é ser autônomo, e, portanto, livre”. É a capacidade de um sujeito tomar
suas próprias decisões, de forma não forçada, baseada na realidade e
informações disponíveis. Numa filosofia mais ligada à moral e à política,
autonomia é a responsabilidade moral de alguém frente a seus atos.
Levando em conta todas essas
definições, é possível perceber a complexidade e abrangência desse tema. A
autonomia não está ligada somente a capacidade de fazer as coisas por si só,
mas também de um desenvolvimento de consciência moral. Assim, somos autônomos e
livres quando tomamos nossas decisões e arcamos com as consequências advindas.
Por isso, devemos aprender a avaliar racionalmente as situações.
Nossos filhos aprenderam a
desenvolver autonomia a partir da capacidade dos pais desenvolverem neles a
independência, juntamente com a confiabilidade em suas próprias capacidades. A
criança precisa da autorização dos pais para crescer e se desenvolver, e isso
nem sempre é fácil.
Nós pais, somos fatores
determinantes na forma como nossos filhos irão avançar e se relacionar com os
desafios da vida, e a autonomia é sem dúvida um desses desafios. Ela está
ligada a autoestima, pois ela precisa se sentir capaz de resolver seus próprios
problemas e desta forma aprender a se relacionar, se comunicar e fazer suas
escolhas.
A primeira infância é tida como o
marco fundamental no desenvolvimento da personalidade. É nesta fase que se dará
o tom das relações que estabeleceremos ao longo da vida.
A mãe é a primeira pessoa que o bebê
se relaciona. Num primeiro momento ele se quer percebe o limite onde começa um
e termina o outro – são como se fosse um só. Desta forma, ele reconhece o mundo
através da percepção dela, é ela que apresenta, e isso pode ser feita de
diversas formas. Pode apresentar um mundo cheio de riscos, perigoso, ameaçador,
ou pode apresentar um mundo que é possível ser explorado, com beleza e o prazer
por novas descobertas, mas que ele deve respeitar algumas regras de
convivência, onde nem sempre encontrará prazer.
Algumas mães temem tanto o contato
do filho com o mundo, seja por medo de contaminação ou de acidentes ou ainda
que eles sofram, que criam uma espécie de redoma em torno da criança. A
superproteção impede que a criança desenvolva recursos internos para enfrentar
a vida e os obstáculos que naturalmente ela trará. Desta forma, o que
inicialmente era uma proteção, se torna desproteção! Pois a criança termina por
ser incapaz de administrar situações pelas quais naturalmente irá se deparar ao
longo da vida.
Uma criança criada para uma vida
dependente fica impedida de crescer e tenderá, inclusive em sua vida adulta,
desenvolver relações de dependência. Primeiro dependente dos pais, depois do
marido/esposa, trabalho e até mesmo de alguma substancia psicoativa (álcool/drogas).
Para se desenvolver as crianças
precisam ser estimuladas a aprender a fazer coisas que antes não faziam. Como por
exemplo: arrumar o prato, cortar a carne, arrumar a cama, colocar os sapatos...
Além dessas tarefas, crescer e se tornar autônomo exige que seja desenvolvida sua
capacidade de tomar decisões, fazer escolhas e assumir as consequências destas.
Neste modo de agir nossa tarefa de
pais muda, não mais fazendo tudo pela criança, mas de forma alguma se torna
menos importante – bem pelo contrário. Devemos manter uma distancia ideal, que
permita que ele possa experiênciar o mundo, mas sem perder a perspectiva de que
podemos ajuda-los sempre que necessário.
Chamei de distancia ideal porque
muitas vezes teremos que assistir inúmeras tentativas e erros, e fracassos dos
nossos filhos – que provavelmente não existiriam se tivéssemos feito por eles.
Estaremos certamente ao seu lado para secar as lágrimas, aprender a lidar com
os erros e com as perdas, levantar e tentar de uma nova forma.
Não podemos esquecer que para o
desenvolvimento da autonomia de nossos filhos, é importante que eles tenham
vivencias e experiências de vida, para isto, eles devem ser autorizados a
experimentar e interferir no meio em que eles estão inseridos e para que isto
aconteça, eles precisam se separar de nós.
Abraço
Micheli Krayevski Eckel
Psicóloga / Psicopatologista / Mãe
da Sofia
(47) 9193-6553
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