Por mais disponível que uma mãe seja, às vezes ela tem que se ausentar. Pouco a pouco aprendemos a lidar com essas breves ausências, mesmo que a contra gosto. Se por algum motivo nossa mãe se ausenta por maior parte do tempo, se abre uma ferida difícil de cicatrizar. E quando a mãe está totalmente ausente, principalmente nos primeiros anos de vida, o dano emocional é tão grande que deixa uma marca definitiva.
A criança não tem escapatória, se não conta com uma mãe suficientemente
boa, irá construir sequelas dessa relação.
Comumente essas pessoas são encantadoras, muito agradáveis e de fácil trato.
Aprenderam que devem “se comportar bem” e ser o que os outros esperam, para que
assim, não sejam novamente abandonadas.
Há pessoas que chegam à vida adulta se sentindo
aterrorizadas nas situações em que precisam ficar sozinhas. Quando não há
ninguém em casa, por exemplo, um poço de angústia é aberto dentro delas, no
qual se sentem afogados. São como crianças aterrorizadas que sucumbem ao medo e
a solidão.
A ausência da mãe também pode estar relacionada a origem de
muitos distúrbios de sono e da alimentação. Talvez a mãe
quisesse que seu bebê comesse e dormisse, e o manipulava sem prover sua
presença completa. Aí que o comer demais, ou não comer, bem como o não dormir,
às vezes, pode se tornar uma maneira de contrariá-la, de cobrar uma dívida. Embora
quem acabe pagando essa conta, seja a própria pessoa.
Uma mãe que se ausenta frequentemente e por longos períodos pode induzir
um forte estado de ansiedade no seu filho. Há medo quando sai,
mas também há medo quando volta, porque a criança não sabe quando sairá
novamente. Há mães que ainda utilizam esse terrível medo para “controlar”
seus filhos – ameaça abandoná-lo quando não obedecem. Essa ausência não constrói
o carinho e desorganiza as emoções. No final, a saída é bloquear os
sentimentos amorosos. Às vezes, cultiva um ódio por ter sido submetido a
esse círculo vicioso fatal de querer e perder, de novo e de novo.
Uma mãe ausente pode dar origem a seres humanos distantes, embotados,
bravos e tristes. Seus filhos aprendem, pouco a pouco que precisam lidar
com o mundo sozinhos. Então, para sobreviver a essa situação, que as crianças
sentem como muito perigosa, às vezes colocam máscaras: o simpático, o
obediente, o insensível, o agressivo... Quando adultos, essas pessoas terão
dificuldade em reconhecer o que há por trás dessa máscara que inventaram para
lidar com o abandono.
O que é perdido com uma mãe que abandona é a confiança nos outros. Também a esperança de que alguém possa responder às necessidades ou até mesmo nos amar. A partir disso, na vida adulta, amamos tentando criar laços de dependência, que falham repetidamente. O que uma mãe ausente deixa é um ser humano que aprende a estabelecer vínculos de insegurança, desconfiança e, sobre tudo, ansiedade.
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