quinta-feira, 18 de junho de 2015

Estresse Pós-Traumático



 
O filme Batman Begins, mesmo sendo um historia já recontada várias vezes, este traz uma série de aspectos pertinentes quanto às possíveis repercussões de traumas psicológicos. Perdas de familiares são consideradas potenciais geradoras de traumas psicológicos, e o menino Bruce Wayne testemunha a morte repentina de seus pais. O trauma psíquico foi descrito pela primeira vez por Freud como um afluxo de excitações excessivo em relação à capacidade do indivíduo de dominá-las e elaborá-las. Atualmente, compreende-se que traumas psicológicos impactam fortemente na qualidade de vida, caracterizando uma desordem chamada transtorno de estress pós-traumático (TEPT), que se manifesta por recordações aflitivas, pensamentos indesejáveis recorrentes, estado de alerta, ansiedade, insônia, entre outros sintomas.
Nolan constrói o protagonista com referenciais baseados na realidade. O trauma sofrido pelo garoto permeia sua vida. De fato, estudos evidenciam que as experiências traumáticas podem alterar o equilíbrio psicológico, biológico e social de um indivíduo, e que a lembrança do evento traumático influencia as suas outras experiências.
A memória traumática de ter visto os pais serem baleados acompanha Wayne de maneira vívida, tal como em muitos casos de TEPT, em que os indivíduos experimentam flashbacks e pensamentos intrusivos. As memórias traumáticas geralmente são fragmentadas e carregadas de forte expressão emocional, disparando estados de confusão, ilustrados no filme com as cenas de flashes dos conflitos internos e da luta contra as emoções negativas.

Na prática clínica vejo que determinadas memórias traumáticas levam a comportamentos destrutivos, tais como o abuso de substâncias e a automutilação. Entretanto, os eventos traumáticos em si não são determinantes isolados ou exclusivos do TEPT. Experiências intensas e devastadoras possuem efeitos variáveis, o que enfraquece o conceito de "reação universal ao trauma". Muitas vítimas procuram apoio profissional, literatura especializada e amizade, enquanto outras enfatizam o colapso e/ou a vitimização. O Batman é humano, não é perfeito. Mas transformou suas emoções fortes e autodestrutivas em algo positivo – ao menos nesse primeiro filme da série.
Realmente, um trauma psicológico é capaz de fomentar comportamentos salutares de resiliência (capacidade de atravessar eventos traumáticos e de retomar qualidade de vida satisfatória). Wayne é orientado a buscar um sentido espiritual mais profundo de seu destino, assim como lembrar do legado de seu pai e da tradição filantrópica da sua família. Estudos evidenciam que práticas como a meditação e a oração exercem papel ativo no desenvolvimento de mecanismos de superação psicológica.
A motivação de encontrar novos objetivos e sentidos na vida, a crença que é possível influenciar o entorno e a opinião que se pode aprender e crescer a partir das experiências positivas e negativas também são comportamentos que conduzem a resiliência.

Um dos objetivos centrais das psicoterapias aplicadas às vítimas de traumas psicológicos é atribuir gradualmente novos significados emocionais à experiência traumática passada. O filme traz uma referência objetiva também encontrada no âmbito psicoterapêutico: transformar a dificuldade numa aliada do desenvolvimento pessoal.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Dependência afetiva: a inimiga do amor próprio




Você é conhecida por ter relacionamentos ruins? Vista como a famosa “dedo podre”? Você não se importa com seus próprios interesses, se anula, se fixa no relacionamento e faz dele o centro de sua vida?
Você Idealiza seus relacionamentos? Está sempre pronta a agradar? Não consegue dizer "não", mas se arrepende depois?   Fica do lado do telefone, ansiosa, esperando ele (a) ligar?

CUIDADO VOCÊ PODE ESTAR SOFRENDO DE DEPENDÊNCIA AFETIVA!

Dependência afetiva é um dos principais elementos de bloqueio na vida de um indivíduo.
Dependência Afetiva é um distúrbio de comportamento que afeta um número muito grande de homens e principalmente mulheres. Em geral, pessoas que amam ilimitadamente, que vivem em uma linha tênue que alterna entre carência, amor e sofrimento, na grande maioria de total baixa autoestima. Quase todas adquiriram este distúrbio em alguma experiência onde suas necessidades emocionais não foram atendidas, seja na infância ou mesmo em relacionamentos passados.
É geralmente uma pessoa que cresceu em uma família disfuncional, na qual suas necessidades emocionais não foram atendidas. Indivíduos que não se sentiram apoiados e valorizados, que se relacionaram em ambientes conturbados, daí passam a ver sua realidade como fria, vazia e solitária.

Pessoas carentes afetivamente atraem relacionamentos confusos e insatisfatórios por apresentarem-se tão disponíveis em troca de amor, carinho e atenção. Correm o risco de serem rejeitados, não valorizados e menosprezados pelo parceiro. Na tentativa de que os relacionamentos preenchem este vazio sentido por elas.
A pessoa acredita que não seja merecedora de amor. Na verdade, muitas vezes, ela até tem consciência de que o relacionamento não é saudável, mas não consegue sair desta situação, isso porque as motivações que a levaram a tal posição são inconscientes.

Algumas características da pessoa que sofre de dependência afetiva:

- Não se importando com seus próprios interesses, essas pessoas por muitas vezes se anulam, se fixam no relacionamento e fazem dele o centro de sua vida;
- Idealizam relacionamentos;
- São inseguros e estão sempre prontos a agradar, demonstra muito amor e muito controle, sem perceber que isso acaba por sufocar a outra parte;
- Não consegue dizer "não", mas se arrepende depois;
- Se compromete a fazer coisas que não quer fazer, e depois acaba não conseguindo dar conta delas;
- Pensa primeiro nos outros, a não ser egoísta e a se colocar em último plano;
- Tem relacionamentos ruins repetidas vezes;
- Fica do lado do telefone, ansiosa, esperando o parceiro (a) (namorado/marido) ligar;
- Vive checando e-mail e celular para ver se há mensagens;
- Cancela um encontro com um (a) amigo(a) para se encontrar com ele de última hora;
- Abre mão de amizades, interesses e objetivos pelo relacionamento;
- Substitui rapidamente um amor por outro;
- Corre para casa para estar disponível ao parceiro;

Caso você tenha se identificado com a situação, não hesite em buscar ajuda, pois o caminho para administrar o problema é desenvolver a auto aceitação e com isso a autoestima. Você precisa aprender a amar de forma saudável, estando em primeiro lugar e dosando para não ser egoísta. Ame a si mesmo, resgate seu amor próprio! Sem isso jamais poderá se relacionar de forma equilibrada.
Busque dentro de você e se achar que não é capaz, procure ajuda um profissional especializado, é o grande diferencial que pode ser de grande ajuda.

Micheli Krayevski Eckel
Psicóloga e Psicopatologista