Em algumas
tribos na África do Sul, uma saudação corriqueira (em zulu) é ‘Sawubona’, que
significa “Eu Vejo Você". É uma forma de enxergar o outro, de aceitá-lo
tal como é, com suas virtudes, nuances, e também com seus defeitos. Em resposta
a essa saudação, as pessoas costumam dizer ‘shikoba’ que quer dizer "então
eu existo para você". Eu te respeito, eu te valorizo, você é
importante para mim. Toda minha atenção está com você, eu vejo você e me
permito descobrir suas necessidades, vislumbrar seus medos, me aprofundar nos
seus erros e aceitá-los. Eu aceito você como você é, e você faz parte de mim.
Assim como
o termo ‘Namastê’, muito utilizado na Índia e no Nepal, por hindus e budistas. Etimologicamente,
Namastê é uma palavra originária do sânscrito, que literalmente significa "curvo-me
perante a ti" e é a forma mais digna de cumprimento de um ser
humano para outro. Em um sentido mais amplo, significa “a Divindade que habita
em mim, saúda a Divindade que habita em você”
Em Avatar,
um belíssimo filme de ficção científica, o povo nativo de Pandora, ao invés de
dizer “eu te amo" diziam “eu vejo você”. Desde a primeira vez que assisti,
essa expressão mexeu comigo e hoje, de forma mais intensa, volto a pensar sobre
isso.
Quando digo
que vejo o outro é porque o reconheço como um semelhante a mim, vai além da
superfície, é um mergulhar no que podemos chamar de ‘SER’. Significa mais do
que o ato fisiológico de olhar o outro em sua aparência. Significa ver com um
olhar amoroso dentro do outro, com a compreensão, o acolhimento e conexão de
nossa vulnerabilidade humana e ainda divindade em comum.
Assim, eu
vejo a sua dor; eu vejo os seus potenciais; eu vejo você e aceito o que eu
vejo, mesmo aquilo que não me agrada, mesmo aquilo que não encaixa nos meus
padrões.
Eu vejo
você, é a minha maneira de recebê-lo incondicionalmente, e ao fazê-lo, eu
permito que você se veja e o perceba como você é.
Eu vejo
você, significa deixar-se irradiar, sem filtros, sem máscaras e sem medos.
Eu o vejo
sem lhe julgar, sem lhe culpar, respeitando suas escolhas e a sua consciência presente.
Eu vejo
você além de quaisquer expectativas e projeções, pois elas podem prejudicar o
meu olhar e esconder sua identidade verdadeira.
Eu vejo
você em todos os seus aspectos e na riqueza de suas experiências vividas.
Eu vejo sua
Luz e a centelha divina que habita em você.
Quando digo
”Eu Vejo Você”, não é apenas ”Eu estou só vendo você”. É muito mais do que
isso, estou dizendo que: estou deixando de lado o meu julgamento, os meus
preconceitos para enxergar você de verdade, inteiramente, como você realmente
é, e aceito você exatamente do jeito que é.
Eu vejo
você porque eu também consigo me ver, nós somos a expressão do divino.
Micheli
Krayevski Eckel