segunda-feira, 11 de abril de 2022

Abandono Materno e as Consequências na Vida Adulta

Sentir a presença da mãe, seu calor, seu olhar e carinho ao chegar ao mundo, é uma das maiores necessidades que um ser humano sente ao longo de sua vida. Emocionalmente falando, não haverá coisa que precisaremos mais. Nos primeiros momentos de nossas vidas, nós somos uno com ela e posteriormente, quando a reconhecemos como um outro, somos capazes de aceitar tudo que ela nos faz. Se nos critica duramente ou se nos despreza, somos capazes de perdoá-la em um piscar de olhos. Na verdade, nem nos atrevemos a questionar o que nos fez, mas nos culpamos por tê-la irritado, chateado ou a deixado triste. Afinal, o que mais tememos é que ela nos abandone.

Por mais disponível que uma mãe seja, às vezes ela tem que se ausentar. Pouco a pouco aprendemos a lidar com essas breves ausências, mesmo que a contra gosto. Se por algum motivo nossa mãe se ausenta por maior parte do tempo, se abre uma ferida difícil de cicatrizar. E quando a mãe está totalmente ausente, principalmente nos primeiros anos de vida, o dano emocional é tão grande que deixa uma marca definitiva.


A criança não tem escapatória, se não conta com uma mãe suficientemente boa, irá construir sequelas dessa relação.

Comumente essas pessoas são encantadoras, muito agradáveis e de fácil trato. Aprenderam que devem “se comportar bem” e ser o que os outros esperam, para que assim, não sejam novamente abandonadas. 

Há pessoas que chegam à vida adulta se sentindo aterrorizadas nas situações em que precisam ficar sozinhas. Quando não há ninguém em casa, por exemplo, um poço de angústia é aberto dentro delas, no qual se sentem afogados. São como crianças aterrorizadas que sucumbem ao medo e a solidão.

A ausência da mãe também pode estar relacionada a origem de muitos distúrbios de sono e da alimentação. Talvez a mãe quisesse que seu bebê comesse e dormisse, e o manipulava sem prover sua presença completa. Aí que o comer demais, ou não comer, bem como o não dormir, às vezes, pode se tornar uma maneira de contrariá-la, de cobrar uma dívida. Embora quem acabe pagando essa conta, seja a própria pessoa.

Uma mãe que se ausenta frequentemente e por longos períodos pode induzir um forte estado de ansiedade no seu filho. Há medo quando sai, mas também há medo quando volta, porque a criança não sabe quando sairá novamente. Há mães que ainda utilizam esse terrível medo para “controlar” seus filhos – ameaça abandoná-lo quando não obedecem. Essa ausência não constrói o carinho e desorganiza as emoções. No final, a saída é bloquear os sentimentos amorosos. Às vezes, cultiva um ódio por ter sido submetido a esse círculo vicioso fatal de querer e perder, de novo e de novo.

Uma mãe ausente pode dar origem a seres humanos distantes, embotados, bravos e tristes. Seus filhos aprendem, pouco a pouco que precisam lidar com o mundo sozinhos. Então, para sobreviver a essa situação, que as crianças sentem como muito perigosa, às vezes colocam máscaras: o simpático, o obediente, o insensível, o agressivo... Quando adultos, essas pessoas terão dificuldade em reconhecer o que há por trás dessa máscara que inventaram para lidar com o abandono.

O que é perdido com uma mãe que abandona é a confiança nos outros. Também a esperança de que alguém possa responder às necessidades ou até mesmo nos amar. A partir disso, na vida adulta, amamos tentando criar laços de dependência, que falham repetidamente. O que uma mãe ausente deixa é um ser humano que aprende a estabelecer vínculos de insegurança, desconfiança e, sobre tudo, ansiedade. 

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